O vestibular, na forma em que é feita atualmente, está fadado ao fracasso. Isso porque se trata de uma fórmula arcaica, que julga selecionar os melhores alunos, por conta de um conhecimento específico sobre todas as áreas, mas sempre avaliado de forma superficial. Assim, essa questão de “melhores” ganha grande subjetividade, porque: quais seriam esses “melhores”? Sob que aspecto o são? É porque tiraram uma nota maior? Apenas por isso?
Assim, multidões de alunos com dificuldades ou comprometimentos no processo de aprendizagem acabam disputando em desigualdade de oportunidades, as vagas nas universidades do país. Certamente por isso, tanto o Ministério da Educação, quanto especialistas têm buscado sugerir alternativas a esse exame tão tradicional.
Segundo o grupo dos educadores, poderia ser interessante um certame de caráter mais diagnóstico, que acompanhasse o aluno em todos os anos de sua formação em nível básico, fundamental e médio, para, a partir de todos esses dados, conseguir reunir indícios claros sobre a capacidade de um aluno poder integrar o corpo discente de formação de uma área, seja qual for.
Por outro lado, o Ministério tem pensado em investir em mudanças na prova única, de caráter nacional, que já é aplicada hoje, aumentando sua abrangência: trata-se do Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM. Isso é importante, porque atualmente, os três anos que compõem o Ensino Médio têm um currículo extenso, difícil e muito sobrecarregado de informação, em uma tentativa – frágil – de fazer com que um aluno apreenda tudo o que será cobrado no vestibular, sobre toda e qualquer disciplina, ou seja, tarefa virtualmente impossível para a maior parte dos seres humanos e, o que é pior: gerando frustração, tensão e até traumas, quando os alunos não conseguem passar nos exames de seleção, em sua formação atual.
O desejo das autoridades é fazer com que o ENEM guarde semelhanças com o vestibular praticado em países do norte, como os Estados Unidos, no qual o aluno faz a prova nacional, recebe seus resultados e pode levar esse resultado a uma universidade de sua preferência, em qualquer parte do país – isto é, será possível a um aluno se candidatar a universidades fora de seu Estado de origem, ou residência. Esse “currículo” será analisado pela comissão da Universidade e o aluno recebe um retorno a respeito de ser – ou não – aceito pela instituição. Nesse caso, o aluno não precisará mais fazer uma prova de seleção por instituição, desgastando bem menos os estudantes. Entretanto, a concorrência para cada vaga perderá o caráter regional e ganhará um âmbito mais nacional, haja vista que candidatos do Brasil todo poderão concorrer a qualquer vaga disponível.
Cursos poderão fazer provas adicionais caso creiam ser mais indicado que o aluno detenha conhecimentos mais específicos, não medidos pela prova do Exame Nacional do Ensino Médio. Isso pode ser positivo porque, nesse cenário, apenas os alunos de carreiras específicas precisarão estudar mais profundamente cada assunto relacionado àquela área, poupando os demais estudantes de ser sobrecarregados com a enxurrada de conteúdo das disciplinas, conforme disposto no currículo do Ensino Médio, atualmente. O importante é que esse processo tão nocivo ao aluno seja, de fato, transformado e humanizado. Vamos torcer para que isso ocorra logo!