Seria uma boa opção a USP aderir o ENEM?
Por Victor Palandi
Cada vez mais o Exame Nacional do Ensino Médio vem se configurando como a iniciativa mais próxima ao que pode vir a ser o vestibular nacional brasileiro. Mesmo com toda essa popularidade e, mesmo com alguns problemas, prestígio crescente, para grande parte dos estudantes do Estado de São Paulo, a meta a ser atingida é a do sucesso no Vestibular para a Universidade de São Paulo – USP. A prova de seleção é aplicada pela Fundação Universitária para o Vestibular – Fuvest – e seu conteúdo é totalmente diferente do exigido pelo Enem.
Algumas das razões para tal importância, no cenário de São Paulo, são as seguintes: estudar mais próximo de casa, em um local considerado, por vários levantamentos, como sendo a melhor instituição de toda a América Latina e a, além disso, possibilidade de realizar o sonho dos pais, são algumas delas. Evidentemente, além de todas as características apresentadas, ainda há a questão de São Paulo ser um Estado extremamente populoso, o que faz com que a média de alunos candidatos ao vestibular da USP seja mais elevada, em comparação a outras praças.
O “cisma” entre a USP e o Enem ganhou um novo capítulo quando, em 2011 a USP não aceitou mais os resultados do Enem para analisar seus candidatos, e a justificativa oficial foi a de que os calendários eram conflitantes. Isso acaba acarretando a situação que envolve os candidatos aprovados em ambos os exames, a qual implica em uma decisão entre ficar no Estado de São Paulo ou sair pelo país. A primeira opção tem, em muitos casos, se tornado o caminho da maior parte dos alunos. Seja porque os gastos para se manter longe da casa dos pais é elevado, ou porque a Fuvest representa a tradição em São Paulo, mesmo sendo mais difícil que o Enem.
Muitos responsáveis por cursinhos de São Paulo ponderam que, diante desse quadro, embora a Fuvest continue merecendo a atenção intensa dos estudantes do Estado, o Exame Nacional, certamente, está se fortalecendo e se mostra uma alternativa, cada vez mais, à altura dos meios de seleção mais tradicionais. Isso é facilmente percebido, se analisarmos a curva ascendente de alunos que optam por se matricular em instituições fora do Estado.
Uma das razões para o alto crescimento do Enem em São Paulo é que grandes Universidades, como Unifesp, UFSCar e UFABC aderiram ao Sistema de Seleção Unificada – Sisu. Isso faz com que o Exame Nacional do Ensino Médio ganha nova importância no Estado de São Paulo.
Com todo esse cenário no horizonte, a Universidade de São Paulo já estuda voltar a utilizar os resultados do Enem, na segunda fase de seu vestibular. A Pró-Reitoria de graduação deve chegar a um parecer sobre a volta do uso ou não dos resultados do Enem até o mês de maio de 2014, momento no qual ocorre a reunião do Conselho de Graduação da Universidade. Por isso, ainda há esperança de que os alunos de todas as partes de São Paulo possam participar das duas seleções, desgastando-se menos.