Função poética da linguagem
Por Mariana Sousa
Com tantos meios de comunicação e novas formas de linguagem em vigor, já nos apercebemos que muito além das nossas palavras estão escondidas algumas de nossas mais profundas intenções. Em cada instante, o ser humano está envolvido em situações nas quais o poder da comunicação é essencial para o bom convívio e a coletividade. Se você quer ser um bom transmissor no processo comunicativo, o seu discurso precisa estar adequado às reais necessidades, aos seus objetivos. A linguagem vem para complementar bem esse interesse. Se você quer dizer algo e percebeu que a linguagem comum não está sendo suficiente, pode mudar o discurso e adequá-lo ao momento.
Em termos de linguagem, existem seis funções diferenciadas que cumprem bem o papel de auxiliar o emissor da mensagem: emotiva, conativa, fática, referencial, metalinguística e poética. É justamente sobre essa última que queremos abordar alguns aspectos. Ela está presente em diversos textos, sejam eles literários ou não.
É bem certo que a função poética é muito cultuada justamente por autorizar e permitir a produção de verdadeiras obras de arte em diferentes formatos. E você pode compor essa beleza, essa primazia, tanto com palavras quanto com imagens.
Resumo:
Poemas e textos publicitários são bons exemplos
Na linguagem, a função poética está relacionada à própria mensagem. A palavra acaba sendo o personagem principal dessa peça. A Literatura está recheada de exemplos. Um poema que pode ser considerado uma grande obra prima ou uma exposição que carrega a maior presença poética de um determinado tema. A linguagem poética cabe bem em um livro ou mesmo nos anúncios publicitários. Assim, há uma liberdade maior. Há possibilidades de se brincar com a linguagem.
Analisemos o poema de Paulo Leminski, que reflete o que explicamos acima. Nele, a função poética imprime significados novos às palavras. Permite que o leitor experimente aspectos sensoriais.
Ovo do coelho
Coelho não bota ovo,
quem bota ovo é galinha.
Mas eu conheço um coelho
que é mesmo uma maravilha.
Os ovos que ele bota,
você nem imagina.
São ovos de chocolate
ou ovos de baunilha.
Por isso, nosso coelho
foi expulso da família.
O pai dele disse: – Meu filho,
isso é coisa de galinha.
O coelho respondeu rapidamente:
– Meu pai eu não tenho culpa,
botar ovo é meu destino.
Se não posso botar ovos em casa,
prefiro botar sozinho.
E foi assim que o coelho
saiu de casa para a rua,
botando ovo na Páscoa,
no sonho de todo mundo.
Deu para observar que, depois de lermos o poema, ficou ainda mais clara a importância da função poética? O som das palavras, a forma como foram dispostas, toda a estrofe e rima estão no conjunto das sensações que o texto pretende levar para o leitor. E esse último, acaba se deliciando nessa maravilhosa viagem. Na publicidade, diversas brincadeiras com as palavras podem ser feitas para também se conseguir esse efeito que enriquece o poder da língua de qualquer país.