João Cabral de Melo
Por Mariana Sousa
, atualizado em
João Cabral de Melo Neto nasceu em Recife e tem grande referência na poesia brasileira. Representante da Geração de 45, rejeitou o excesso do modernismo e começou a produzir poesias com rigor formal, mais disciplina poética. Desde criança já se interessava pela crítica literária, tendo convivido com os primos
Manuel Bandeira e Gilberto Freyre. Ainda na escola secundária, seguiu para o Rio de Janeiro e foi aprovado em concurso público. Três anos após, passou para o Itamarati e atuou como diplomata em Londres, Sevilha, Barcelona, Marselha, Berna, Genebra. Com estilo próprio, João Cabral também era admirador dos traços de Drummond e Murilo Mendes. O vocábulo preciso, a poesia como substantivo, objetiva com linguagem profunda e sem sentimentos. João Cabral dizia que “a poesia não é fruto de inspiração em razão do sentimento”, mas de transpiração: “fruto do trabalho paciente e lúcido do poeta”.
Em 1945 lançou sua primeira publicação, com objetividade na palavra e imagens surreais. Ainda em 1945, com O engenheiro (1945), aproximou-se da geometria, da linguagem mais exata e engenhou sua própria obra.
Principais obras: O cão sem plumas (1950), O rio (1954), Quaderna (1960), Morte e vida severina (1965), A educação da pedra (1966), Museu de tudo (1975), A escola das facas (1980), Poesia crítica (1982), Agrestes (1985) e Andando em Sevilha (1990). Nesta última, João Cabral mostra seu teor crítico contra as mazelas sociais do Nordeste.
A linguagem é aprimorada em tons mais concretos e, por conta disso, João Cabral passa a ser partícipe do Movimento Concretista da década de 50 e 60, onde também encontramos poetas contemporâneos, como Arnaldo Antunes.
Resumo:
Morte e Vida Severina
Conhecido por seu grande sucesso em Morte e Vida Severina, trata-se de obra com temas medievais e música combinada com poesia. As redondilhas vão agradando os leitores e assim se descortina uma bela e forte história. Encenada no teatro, a peça também recebeu prêmios no Brasil e na França. Uma narração de como Severino deixou o sertão e voltou pra Recife, com base em reflexões das condições humanas.
A crítica coloca João Cabral como “não apenas um dos maiores poetas sociais, mas um renovador consistente, instigante e original da dicção poética antes, durante e depois dele”. Junto com Graciliano Ramos, une poesia e prosa com precisões imensuráveis. Uma poesia suave e ao mesmo tempo forte, com revelação de temas cruéis e atuais.