Século XVIII: o conceito de despotismo esclarecido
Por Mariana Sousa
Vocês já devem ter visto a expressão “déspota” em algum ambiente, especialmente nos espaços políticos. Na maioria das vezes, esse termo é usado para adjetivar alguém que age com autoritarismo, imposição de controle. Também revela um ser com personalidade arbitrária. E, na forma original, a expressão déspota vai se referir aos governantes que exercem o poder sem qualquer aclamação popular. Isso significa a ascensão “ao trono político” sem a necessidade de eleições. Não há escolha e ainda assim esse governante chega ao poder. O déspota pode ser encontrado nas três instâncias decisivas da democracia: poder judiciário, legislativo ou executivo.
A origem do despotismo remonta ao período do século XVI e XVIII. Era o momento do Estado Absolutista na Europa Ocidental. Também conhecido como Despotismo Esclarecido, todo esse processo foi se desenvolvendo em países como a Espanha, Portugal, Áustria e Prússia. Eram nações que estavam procurando um ajustamento das estruturas políticas às recentes demandas originadas nas pressões exercidas pela classe burguesa. Naquela época, a burguesia colocava-se comum um fragmento da sociedade que queria estar nos centros decisórios da política. Com boa representação, com adequada expressividade. O maior exemplo dessa realidade foi a Revolução Francesa deflagrada em 1789. Foi justamente esse processo revolucionário que, na França, quebrou o regime absolutista centrado no despotismo.
Resumo:
Contrários ao Iluminismo
Dessa forma, alguns déspotas chamados de reis foram, em uma corrida desenfreada, mostrar aos súditos que não eram tão controladores assim. Que comungavam, sim, das ideias iluministas. O Iluminismo representou, naquele período, a saída das trevas preconizadas no período da Filosofia Medieval. Momento em que apenas a fé poderia explicar toda a vida da população que carecia de demandas e soluções políticas.
O despotismo tentou passar a imagem de que estava sim relacionado com as ideias de Voltaire, um dos principais iluministas da França. Voltaire defendia a estruturação de uma ampla reforma.
É importante ressaltar que apenas algumas das propostas, que eram de avanço e foram organizadas pelos iluministas, foram adotadas pelos déspotas. E ainda assim, pelos mais esclarecidos. Em alguns casos, eles aplicavam as mudanças, mas estas só favoreciam a burguesia e seus interesses de forma parcial. Ou seja, a estrutura absolutista não era alterada. Um dos exemplos que retratam bem essa realidade é o caso do Marquês de Pombal, que ocorreu em Portugal. Tal Marquês solicitou o estímulo de atividades da economia para os burgueses que atuavam na área de manufatura e mercado se articularem melhor com o modelo econômico que movimentava o cenário das finanças. Eram propostas de cunho liberal, banhadas nas boas práticas defendidas pelo Iluminismo. Do outro lado, políticas de cunho religioso que também defendiam o respeito ao protestantismo foram vistas de forma parcial. Ou seja, a hegemonia medieval e o absolutismo ainda queria caminhar juntos por um maior período, com o predomínio da Igreja Católica e o Absolutismo dos reis que não queria perder seus privilégios ou abrir espaço para outros regimes políticos.