Espanha
Por Redação
Espanha
No extremo sudoeste do continente europeu, entre o Mediterrâneo e o Atlântico, e bem próxima à costa da África, encontra-se a Espanha, um dos primeiros países a configurar-se como estado no mundo moderno, e o mais poderoso da Europa renascentista.
Uma das mais importantes nações da Europa por sua extensão, população, vida cultural e economia, a Espanha avulta também por sua história, crucial para a formação do mundo moderno. Está estreitamente ligada aos países europeus ocidentais nos campos político e econômico, e aos países americanos de mesma língua, no aspecto cultural.
O território espanhol ocupa uma superfície de 504.783km2, aí incluídas as ilhas Baleares e Canárias, e as cidades de Ceuta e Mellila, que se situam na costa africana. Limita-se a nordeste com a França e Andorra, a leste e ao sul com o mar Mediterrâneo, a oeste com Portugal, e a noroeste e ao norte com o oceano Atlântico. O estreito de Gibraltar separa o país do Marrocos. Ceuta e Melilla fazem fronteira com o Marrocos.
Geografia física
Geologia e relevo. O território espanhol, um dos mais montanhosos da Europa, é constituído por três unidades básicas: a meseta central, as regiões periféricas e as ilhas. O centro da península ibérica é formado pela extensa meseta central, um altiplano com altitude média de 600m, constituído por materiais antigos (granitos, gnaisses, ardósias metamórficas) recobertos, em sua maior parte, por sedimentos posteriores ao dobramento alpino. A meseta é dividida em duas partes, de extensão semelhante, por um grande sistema montanhoso que se estende no sentido nordeste-sudoeste, a cordilheira Central. Essa cordilheira atinge 2.450m de altitude em Peñalara, na serra de Guadarrama, perto de Madri, e 2.592m no pico de Almanzor, na serra de Gredos. Tal como ocorre com os montes de Toledo, a cordilheira Central é formada por blocos do antigo escudo cristalino, fraturados e soerguidos pela orogenia alpina.
Entre a serra Morena, o golfo de Cádiz e o mar de Alborán se estende a região da Andaluzia. Ao sul da meseta, o grande vale do Guadalquivir se encaixa entre a serra Morena e a cadeia Bética, que se situa no sul da península e onde sobressai a serra Nevada, com o pico culminante da península ibérica, o monte Mulhacén, com 3.478m.
O vale do Guadalquivir é atravessado de leste a oeste pelo rio que lhe dá nome. Esse vale é fechado, no sul, pelas montanhas do sistema Bético, que descem rapidamente para o Mediterrâneo e configuram uma costa de modo geral abrupta, entre o estreito de Gibraltar e o cabo da Nau, salpicada de pequenas planícies litorâneas.
No trecho entre a foz do Ebro e o cabo da Nau se abre o amplo golfo de Valência. Em torno da cidade homônima se estende uma fértil área de olericultura, irrigada pelos rios Turia e Júcar.
A estreita faixa costeira compreendida entre a cordilheira Cantábrica, limite setentrional da meseta, e o litoral atlântico, é uma região de montanhas sempre verdes, cortadas por vales intrincados, onde rios curtos e impetuosos abrem caminho para o mar e formam numerosos estuários. Nessa região se encontram as comunidades autônomas de Astúrias, Cantábria e País Basco.
No extremo noroeste da península fica a região da Galícia, que apresenta uma topografia mais suave. Os movimentos tectônicos do período quaternário provocaram a inundação de antigos vales fluviais, e assim se formaram os diversos braços de mar que penetram profundamente no continente.
Situadas diante da borda ocidental do deserto do Saara, as ilhas Canárias são um ponto avançado da Espanha em direção ao continente americano. Na ilha de Tenerife se encontra o vulcão Teide, que com seus 3.718m de altitude constitui o ponto mais elevado do território espanhol. As duas ilhas mais próximas do continente africano, Lanzarote e Fuerteventura, não têm elevações de importância e sua paisagem é desértica. Nas demais ilhas, as montanhas atuam como um obstáculo aos ventos alísios dominantes, o que dá origem a paisagens surpreendentemente verdes nas encostas do norte, em contraste com o sul das ilhas, onde os fenômenos vulcânicos aliam-se ao clima semidesértico para formar paisagens impressionantes.
Clima. Verões secos e quentes, bem como invernos frios e úmidos, caracterizam o clima predominantemente mediterrâneo da Espanha. A continentalidade das zonas do interior, a influência moderadora do Atlântico e do Mediterrâneo, e o relevo montanhoso são os principais fatores que modificam o quadro geral nas diferentes regiões do país.
A altitude considerável, aliada à existência de cordilheiras periféricas que se levantam como barreiras contra a penetração dos ventos marítimos, faz da meseta uma zona de traços climáticos continentais: no inverno e no verão, verificam-se temperaturas extremas; no outono e na primavera, as precipitações são pouco abundantes, mas freqüentes.
O clima propriamente mediterrâneo domina nas zonas periféricas do leste e do sul da península e nas ilhas Baleares. Na Catalunha o clima é temperado, ao passo que Valência desfruta de um clima suave, o que faz da região o principal centro abastecedor de cítricos da Europa.
Invernos frios, verões quentes e uma estiagem muito pronunciada caracterizam o vale do Ebro, que é fechado ao influxo oceânico pelos Pireneus, e ao do Mediterrâneo pelas cadeias catalãs. O vale do Guadalquivir, aberto às influências oceânicas, é alcançado pelas borrascas atlânticas na primavera e no outono, e tem verões extremamente secos. Os vales situados ao sul do sistema Bético apresentam clima subtropical, com invernos moderados, que permitem o cultivo de espécies desconhecidas no resto da Europa, como a cana-de-açúcar.
Hidrografia. Três vertentes configuram a rede hidrográfica espanhola: a cantábrica, a atlântica e a mediterrânea. Os rios da vertente cantábrica são curtos mas relativamente caudalosos, e formam amplos estuários, como o de Bidasoa, na fronteira com a França, e o de Nervión, em Bilbao. Na costa atlântica da Galícia, os rios são também curtos e caudalosos. Na vertente atlântica, os mais importantes são o Minho (em espanhol, Miño), o Douro (Duero), o Tejo (Tajo), o Guadiana e o Guadalquivir. À exceção do Minho, percorrem toda a meseta na direção leste-oeste e sofrem estiagem no verão. O Minho, mais curto do que os grandes rios da meseta, mas de grande caudal, percorre as chuvosas terras galegas até desembocar no Atlântico, entre Espanha e Portugal.
Também na região limítrofe, o Douro corre em profundos desfiladeiros, cuja linha sinuosa estabelece, em grande parte, a fronteira dos dois países. O Tejo – o mais longo rio da península, mas não da Espanha – forma também desfiladeiros na maior parte de seu curso, que começa no sistema ibérico, avança para oeste e entra em terras portuguesas, para desembocar em Lisboa. O Guadiana percorre as planícies da Mancha e da Extremadura e ao chegar à fronteira portuguesa desvia seu curso para o sul, entra em Portugal e desemboca no golfo de Cádiz, onde forma um estuário fronteiriço.
Flora e fauna. A variedade climática corresponde fielmente à diversidade de formações vegetais. No sul crescem bosques de tipo atlântico, com árvores de folhas caducas, como o carvalho, a faia e o castanheiro. A vegetação natural da meseta seria a de estepe e de bosques mediterrâneos, mas se encontra degradada por milênios de agricultura. É típica da zona ocidental (Salamanca, Extremadura) a paisagem de pastagens com bosques de azinheiras. A azinheira e o pinho aparecem em todas as zonas de clima mediterrâneo, assim como o matagal denso, resultante da degradação de outras formações.
A fauna natural espanhola reflete a transição geográfica entre Europa e África. Ursos, lobos, linces, cervos e cabras selvagens sobrevivem em zonas montanhosas e em reservas. Abundam também javalis, lontras, abutres e outras espécies já extintas em quase todo o resto da Europa. Além de diversas espécies de águias e falcões, as aves aquáticas e migratórias formam grandes colônias nas regiões de Huelva, Ciudad Real e Gerona.