Filósofo grego do século V a. C. (cerca de 470 – 399 a. C.) filho do escultor Sofronisco e da parteira fenareta, nasceu e viveu nas cercanias de Atenas, onde desposou Xantipa, mulher de gênio irascível que hostilizava o marido e lhe desdenhava a filosofia (mas que permaneceu ao seu lado até o último instante e lhe chorou a morte, justamente com os três filhos que lhes dera). Dele escreve um historiador: “Sócrates, como o Cristo, nada escreveu, ou pelo menos nada deixou escrito. Como ele, morreu a morte dos criminosos (ao passo que Jesus foi crucificado, Sócrates foi obrigado a ingerir cicuta), vítima do fantimos por ter atacado crianças tradicionais e posto a verdadeira virtude acima da hipocrisia e da ilusão dos formalismos. Assim como Jesus foi acusado pelos fariseus do seu tempo – pois que os têm havido em todas as épocas – de corromper a juventude, ao proclamar o dogma da unicidade de Deus, da imortalidade da alma e da vida futura.
Da mesma maneira que hoje conhecemos a doutrina de Jesus apenas pelos escritos dos seus discípulos, só conhecemos a de Sócrates pelos escritos do seu discípulo “Platão”. Desses escritos o principal é o intitulado Apologia de Sócrates. A sua divisa era: conhece-te a ti mesmo. Só este conhecimento poderá constituir uma ciência que há de ensinar os homens a praticar o bem, a administrar bem os negócios da cidade assim com os seus próprios. O método que usou foi o do diálogo, que desenvolve as verdades comuns a todos os espíritos.
O diálogo comporta a ironia, que liberta o espírito dos erros, a maiêutica, que obriga a reconhecer a verdade quem si mesmo existe, tirando-o seu íntimo como o entre que vai nascer. A indução que se eleva a observações, das mais simples as mais ousadas generalizações, e a definição, que nos dá o âmago das coisas e a sua razão de ser, completa o método socrático. Indiferentemente dos problemas. Física, dedicou-se a moral e quis instruir os ignorantes, para torna-los bons a virtude era o seu objetivo e por isso dizia: “Fiz descer do céu a Terra a filosofia”. Monoteísta, para ele Deus era eterno e imenso. “Ele vê ao mesmo tempo todas as coisas, ouve tudo, está presente em toda parte, e vela sobre tudo ao mesmo tempo.”
Sócrates cria de tal maneira na providência divina que chegava a admitir uma comunicação mais ou menos direta de certos homens com a divindade: Admitia a possibilidade de uma inspiração de uma voz íntima capaz de nos dar o pressentimento do futuro: e era isso que ele chamava a sua voz divina, e que se designa vulgarmente sob o nome de demônio de Sócrates.