Hoje, vamos falar de uma função que objetiva mexer com as emoções dos interlocutores. É aquela conhecida como função emotiva. A mensagem, nesse caso, será focada no emissor. O texto utilizado por essa função vai ter um discurso em primeira pessoa, buscando a adesão de quem está lendo. A ideia é convence-lo a partir de alguns truques linguísticos.
Resumo:
Como identificar?
Verbo e pronome em primeira pessoa
Interjeição
Adjetivo valorativo
Sinal de pontuação com “…” ou “!”
“(…) E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo (…)”.
(Fragmento do poema “Poema em linha reta”, de Álvaro de Campos, heterônimo de Fernando Pessoa)
O poema é uma visão crítica de si mesmo. Ao mesmo tempo que também questiona o leitor, solicitando respostas para tantas contradições sobre si. Faz uso de diversos adjetivos que o tornam um ser vil. Na verdade, quer expressar seu sentimento pessoal.
A função emotiva é bastante comum em músicas, entrevistas, depoimentos e outras manifestações textuais ou artísticas que estejam centradas no emissor.
Fora do texto literário esse tipo de função deve ser evitada. É o caso de reportagens, notícias e outros gêneros que pedem o uso da função referencial.