Como funciona a licença poética?
Por Victor Palandi
Muitas pessoas já devem ter se deparado com o seguinte termo para explicar o motivo por certo comentário dentro da literatura ou até mesmo da vida cotidiana: isto foi uma licença poética.
Mas será que você sabe ao certo o que vem a ser uma licença poética e como ela funciona? Pois para ajudá-lo a responder a estas perguntas, nós vamos mostrar em detalhes como funciona uma licença poética, para acabar com qualquer dúvida que possa surgir.
Resumo:
O que é?
Antes de qualquer coisa, é importante procurar entender o que é uma licença poética, portanto, nós vamos esclarecer este termo de modo direto para que não haja qualquer tipo de mal entendido.
Uma licença poética nada mais é do que uma incorreção de linguagem que é permitida dentro do contexto da poesia, sendo que ela também é aplicada em outros campos literários e também fora dele.
A licença poética sempre surge por meio de afirmações, opiniões, teorias e também de situações que simplesmente não seriam aceitáveis se estivessem fora do chamado contexto do campo da literatura.
Erros propositais
A licença poética se faz presente como uma espécie de erro proposital que o poeta/autor lança mão para fazer com que um determinado ponto seja reforçado e ganhe luz.
Este recurso não mostra o desconhecimento do autor para com determinado tema, mas sim, demonstra, em muitos casos, que ele realmente domina o tema em questão, ao ponto de ser capaz de usá-lo de modo aparentemente indevido apenas para reforçar um ponto de vista.
Exemplos de licenças poéticas
Agora que você já sabe o que são e como são aplicadas as licenças poéticas, nós vamos dar alguns exemplos de licenças poéticas que mostram claramente como elas podem ser mais comuns do que se imagina.
No trecho: “Gostaria agora de escrever um livro. Usaria o idioma das larvas incendiadas…”, fica evidente que o autor Manoel de Barros não acreditava que de fato havia um idioma de larvas, mas ele usou este recurso para reforçar uma crítica à forma como muitas pessoas usavam o idioma, tal como larvas.
Na música também vemos poesia, não é mesmo? Pois é nela que também vemos a presença da licença poética, como no trecho a seguir: “Meu coração já não bate, só apanha…”.
Neste trecho de uma música de Arnaldo Antunes, fica claro que o compositor não acredita exatamente que o seu coração apanhe de fato, mas ele usa esta licença poética para reforçar o quanto está acostumado mais a sofrer na vida afetiva do que a ter alegrias.