História de Marina Silva, candidata à presidência
Por Victor Palandi
O mundo da política brasileira sofreu um impacto com a trágica morte de Eduardo Campos e outras 6 pessoas no acidente que envolveu a queda de um avião em Santos na última semana. Ao mesmo tempo, temos uma grande reviravolta: se antes a figura de Eduardo Campos já demonstrava uma inquietação no PT e PSDB, agora, com a candidatura de Marina Silva em sua substituição, o jogo ficou mais acirrado.
Assim como sua simples presença trouxe novo gás para esse processo eleitoral, Marina é uma pessoa repleta de energia e com uma história inspiradora. Preferências políticas de lado, a gente vai contar a história dessa mulher, que, de doméstica e seringueira, virou ministra e candidata à presidência pela segunda vez.
Resumo:
Vida de Marina Silva
Marina Silva nasceu em 8 de fevereiro 1958 no Acre. Ela vinha de uma região de seringais chamada Breu Velho, no Seringal Bagaço, a 70 quilômetros de Rio Branco. Marina era a segunda filha da família e tinha mais sete irmãos. Desde pequena, Marina começou a trabalhar, já que, para ajudar a pagar uma dívida contraída pelo pai, ela e as irmãs cortaram seringa, plantaram, caçaram e pescaram.
Foi só aos 14 anos que Marina começou a aprender as primeiras noções de matemática, vendo as horas num relógio e a fazendo as quatro operações básicas. Ela perde a mãe aos 15 anos e acaba contraindo uma série de doenças, como hepatite, malária e leishmaniose.
Marina só se alfabetizou aos 16 anos, quando fez o curso do Mobral, completando logo em seguida o 1º e 2º graus, num curso supletivo. Desde cedo, trabalhou como seringueira, tendo sido também empregada doméstica.
Casou-se em 1980 e teve dois filhos, Shalon e Danilo. Cinco anos depois, se separa do primeiro marido e, no ano seguinte, se casa com Fábio Vaz de Lima, técnico agrícola que assessorava os seringueiros. Dessa união, tem Moara e Mayara.
Uma revolução pessoal para Marina Silva
Apesar de todas as adversidades e dificuldades, Marina acabou se revelando uma pessoa forte e capaz de superar tudo: em 1984, ela conclui o curso de História na Universidade Federal do Acre e começa a lecionar e atuar no sindicato dos professores. Assim, tem início sua vida política, quando fundou junto com Chico Mendes a Central Única dos Trabalhadores.
Em 1986, ela vai para São Paulo, se filia ao Partido dos Trabalhadores e se candidata ao cargo de deputada federal. Ela só é eleita em 1988, mas como vereadora, ficando no cargo até 1990, quando finalmente é eleita deputada estadual. Em 1994, se elege como senadora pelo Acre e no ano seguinte ocupa o cargo de Secretária Nacional de Meio Ambiente e Desenvolvimento pelo PT.
A partir daí, sua carreira política evolui rapidamente: em 1996, recebe nos Estados Unidos o Prêmio Goldman de Meio Ambiente pela América Latina e Caribe e, depois de ser reeleita para o senado, é nomeada como ministra do Meio Ambiente em 2003, durante o governo Lula.
Marina Silva: uma vida dedicada ao verde
Entre os vários projetos que desenvolveu na vida política, destaca-se o seu engajamento para a conservação da natureza. Mas nem tudo são flores: em 2006, ela se desentende com a Casa Civil e é acusada de atrasar licenças ambientais para a realização de obras.
Entre motivos para críticas e elogios, Marina acaba sendo reconhecida pelo seu trabalho com a natureza: em 2007, ela recebe da ONU o prêmio “Champions of the Earth”; em 2008, depois de entregar o cargo do ministério e voltar para o senado, recebe em Londres a medalha “Duque de Edimburgo”, pela luta que travou em defesa da Amazônia Brasileira, trabalho que também lhe rendeu em 2009 o Prêmio “Fundação Norueguesa Sophie”.
Em agosto de 2009, Marina anuncia a sua desfiliação do PT, logo se unindo ao Partido Verde, onde acaba formalizando sua candidatura à Presidência da República nas eleições de 2010. Derrotada, mas com um montante de quase 20 milhões de votos, acaba deixando no ano seguinte o Partido Verde e começa a desenvolver a ideia de um partido próprio, chamado Rede Sustentabilidade. Não aceito pelo Tribunal Eleitoral, ela acaba se filiando ao PSB e entra na chapa de Eduardo Campos, atuando como sua vice.
A dupla acabava sendo apontada como terceiro colocado nas intenções de voto. Depois da morte de Campos, no último dia 13 de agosto, Marina acabou se tornando a opção do PSB como candidata à presidência, sendo o novo vice, Beto Albuquerque.
Mesmo com várias desconfianças, Marina hoje representa uma metáfora do poder do brasileiro em superar as dificuldades e dar o seu melhor para alcançar os seus objetivos e sucesso.