Os termos “Direita” e “Esquerda” como termos de uso político têm suas origens relacionadas com a Revolução Francesa, quando os membros da Assembleia Nacional dividiam-se em partidários que se sentavam à direita do presidente e os partidários da Revolução, que se sentavam à esquerda. Desde então, a definição mais aceita indica que a Esquerda representaria os defensores das causas sociais, dos interesses da população e de pensamentos mais alinhados com o socialismo, enquanto que a Direita representaria a tentativa de manutenção do status quo e a defesa de grupos econômicos, não dos interesses da população.
Atualmente, as definições tem mais relação com ideologia e também com partidos políticos. E é no espectro político que os dois lados travam uma disputa constante pelo poder, sendo presentes em praticamente todos os países que possuem sistemas políticos democráticos.
No Brasil, a disposição dos atores políticos como sendo de Direita ou de Esquerda remonta ao período do Império, quando se enfrentavam no cenário político o Partido Conservador (Direita) e o Partido Liberal (Esquerda). O Partido Conservador era formado por grandes proprietários rurais, ricos comerciantes e altos funcionários do governo da época e defendia os interesses desses setores, em detrimento dos interesses do povo e até mesmo da nação. Já o Partido Liberal era composto por pensadores progressistas que defendiam os das camadas médias urbanas e o equilíbrio dos interesses dos senhores rurais sem o compromisso com a escravidão. Apesar de ser considerado rival do Partido Conservador, esse partido jamais levantou bandeiras revolucionárias.
Após o período imperial e com a Proclamação da República o Partido Conservador foi extinto, principalmente por representar uma ala muito ligada ao Império, e o Partido Liberal acabou por se tornar a Liga Progressista, antes mesmo desse evento.
Depois disso, a Esquerda brasileira começou a se alinhar cada vez mais com os movimentos socialistas, comunistas e até mesmo anarquistas, criando uma identidade que formaria a imagem muito associada a ela até os dias atuais.
Já a Direita, teve momentos em que se alinhou com movimentos fascistas e momentos em que assumiu o poder de modo abrupto, vide o Golpe Militar de 64. E por estes motivos, sempre ficou associada aos movimentos que visam apenas defender interesses de grupos específicos e que se utiliza de métodos truculentos.
Hoje em dia, é difícil definir diferenças entre Direita e Esquerda no Brasil, até mesmo porque, com a subida ao poder do Presidente Lula, oriundo dos movimentos sindicais e representante do Partido dos Trabalhadores (que sempre defendeu ideias de viés socialista e ideologias ligadas à Esquerda), muitas barreiras foram derrubadas e muitas das diferenças clássicas foram diluídas.
Para chegar ao poder, o PT se aliou a partidos que representavam antigos adversários políticos e que defendiam ideologias mais alinhadas com a Direita do que com a Esquerda.
Outro fator que contribuiu para aumentar ainda mais a dificuldade de se diferenciar a Esquerda da Direita no Brasil atual se deve à atuação do Presidente Lula, que tomou algumas medidas políticas e econômicas mais ligadas às praticadas pela Direita liberal. Muitos consideram seus dois mandatos como sendo a continuação da política econômica praticada por seu antecessor Fernando Henrique Cardoso, do rival petista PSDB, considerado por muitos como sendo um político neoliberal.