Vírus são partículas infecciosas, de natureza nucleoproteica, de dimensões geralmente inferiores a 0,2 micra e, consequentemente, geralmente filtráveis em filtros bacteriológicos e visíveis somente ao microscópio eletrônico. São parasitas intracelulares obrigatórios, formando geralmente só em presença de células vivas e dão facilmente lugar a mutações. Induz a célula parasita a formar réplicas, tanto do ácido nucleico como da capa protéica.
Classificação e Nomenclatura
A classificação e a nomenclatura de vírus é, ainda hoje, um ponto controvertido. Inicialmente, os vírus foram denominados de acordo com o nome da doença que ocasionavam e, apesar de muitas tentativas de introduzir novas nomenclaturas científicas, é, ainda, a mais universalmente adotada entre os fitopatologistas. Assim se conhecem, por exemplo, o vírus do mosaico do fumo (VMF ou TMV), o vírus da vira cabeça do tomateiro, o vírus da tristeza do Citrus, o vírus do mosaico comum do feijoeiro, etc. Evidentemente, tal nomenclatura foge à regra geral de denominação de outros agentes causadores de doenças e pode-se considerá-la comum ou vulgar (nome comum do citros). Como se pode observar, essas denominações comuns se baseiam principalmente em sintomatologia das doenças ocasionadas e sendo a sintomatologia um caráter variável, de acordo com o ambiente e com hospedeiro, levou a muitas confusões, um mesmo vírus (como o TMV e o vírus do mosaico das cucurbitáceas) sendo identificada várias vezes como vírus novos.
Johnson (1927), observando que sintomas, quando apropriadamente interpretadas em estudos comparativos, tinham características diagnosticas de algum valor para classificar os vírus do fumo mas que era difícil dar um nome descritivo para todos os vírus que ocorrem num determinado hospedeiro, sugeriu uma nomenclatura baseada em hospedeiro e prioridade de constatação. No seu sistema o vírus do mosaico do fumo (VMF) se denominaria tabaco vírus 1 e os outros vírus do fumo receberia um número em ordem de sua descoberta, Tal sistema não tem, atualmente, nenhum valor, pois um número nada caracteriza e o grande número de vírus de um determinado hospedeiro dificulta a associação com características importantes dos vírus.
Smith (1937) propôs a latinização do sistema de Johnson e , assim, o VMF se denominaria Nicotiana vírus 1 , mantendo-se, ainda, as mesmas desvantagens do sistema de Johnson.Bennett (1939) sugeriu a substituição dos números por um termo que caracterizasse uma propriedade importante do vírus e o VMF se chamaria Tobacco vírus altathermus ou Nicotiana vírus altathermus (elevado ponto térmico de inativação). Se em investigações subsequentes se provasse que o vírus fossem organismos vivos, adotar-se-ia a denominação binomial Paracrystalis altathermus ;
Se, pelo contrário, se provasse serem os vírus compostos químicos, o VMF, por exemplo, se denominaria Altathermovir.
Holmes (1939) sugeriu a nomenclatura binomial – trinomial latinizada pela qual o VMF se denominaria Marmor tabaci e suas linhagens M. tabaci var. vulgare, M. tabaci var. aucuba, M. tabaci var. deformans, etc. Holmes propunha ainda a criação do reino Vira , incluindo todos os vírus, com duas divisões: Zoophagi , para os vírus de animais e Phytophagin , para os vírus de plantas.
Os Phytophagi foram subdivididos em duas classes: Schyzophyto phagi (bactériofagos) Spermatophytophagi (vírus de plantas superiores). Estes admitiam as seguintes famílias e gêneros: Chlorogenaceae (gen. Chlorogenus), Marmoraceae (gen. Marmor), Annilaceae (gen. Annulus), Gallaceae (gen. Galla), Acrogenaceae (gen. Acrogenus), Rugaceae (gen. Ruga), Coriaceae (gen. Corium), Nanaceae(gen. Nanus), Savoiaceae (gen. Savoia) e Lethaceae (gen. Lethum). Segundo Holmes, tal sistema de classificação tem as vantagens de agrupar os vírus de acordo com similaridades fundamentais como testes sorológicos, e imunológicos e tipos de doença.
Fawcett (1940), propôs a nomenclatura binomial em que o nome genérico era obtido do hospedeiro mais o sufixo vir e o nome específico de alguma característica da virose ou do vírus.
Assim, o vírus da sacarose do Citrus foi denominado de Citrivir psorosis, o vírus do vira-cabeça da beterraba Betavir eutetticola etc.
Além dessas nomenclaturas foram sugeridas muitas outras mas nenhuma conseguiu aceitação geral, estando, ainda hoje, a taxonomia de vírus num verdadeiro cáos. Entretanto, já há um esforço, em âmbito internacional, visando padronizar a nomenclatura e a classificação dos vírus. Nesse sentido, o Comitê Provisório de Nomenclatura de vírus (P.C.N.V.) da Associação Internacional das Sociedades Microbiológicas (1965) recomendou a adoção provisória do sistema de classificação de Lwoff, Horne e Tournier (L.H.T.), por ser, no momento, aparentemente, o mais adequado.
O sistema L.H.T., caracteriza os vírus como entidades que exibem durante o seu "ciclo vital" uma partícula infecciosa contendo apenas um tipo de ácido nucleico. Baseia-se, principalmente, em natureza do ácido nucleico, morfologia, estrutura e simetria das partículas de vírus. Primeiramente, os vírus são em dois grupos: D– (deoxyvira), contendo DNA e R– (ribovira), contendo RNA. Esses grupos são subdivididos, de acôrdo com sua simetria, em H– com simetria helicoidal (classes Deoxyhelica e ribohelica). C– com simetria cúbica (classe Deoxybinala). Todos os virions pertencem a uma das duas categorias: N– capsídeo sem envólucro e, capsídeo com envólucro. Os grupos são posteriormente subdivididos, de acordo com o número de capsômeros, para os virions RCN, 32c. O quadro abaixo mostra o sistema L.H.T. sugerindo pelo P.C.N.V.
A nomenclatura proposta por PCNV baseia-se nomes latinos ou gregos-latinizados, escolhendo-se uma espécie típica para cada gênero. A espécie típica dá o nome à família. Os nomes genéricos terminam em vírus. Exp. Protovirus tabaci (TMV).
Os nomes das famílias, derivadas dos nomes genéricos, terminam em VIRIDAE. EXP. FAM. Protoviridae (T.M.V.).