Cuba
Cuba conquistou sua identidade e amadureceu guiada por patriotas como o poeta José Martí e, em 1959, tornou-se o primeiro país socialista das Américas: por força dessa opção, na última década do século XX, ao se esfacelar a União Soviética, que lhe dava apoio, viveu em singular posição de isolamento continental.
A República de Cuba é formada por cerca de 3.175 ilhas e ilhotas. O país tem superfície total de 110.922km2 e está situado ligeiramente ao sul do trópico de Câncer. A ilha de Cuba é a maior do grupo e ocupa sozinha uma área de 105.007km2, o que perfaz quase 95% da terra firme de todo o arquipélago. Sua forma é alongada e orienta-se de noroeste para sudeste ao longo de cerca de 1.250km. A largura varia de 31 a 191km. Outra ilha importante é a da Juventude, antes ilha de Pinos (dos Pinheiros). O estado da Flórida, nos Estados Unidos, fica a 145km de distância.
Geografia física
Relevo. O acidente orográfico mais notável é a Sierra Maestra, cadeia de montanhas com extensão de 250km, entre o cabo Cruz e a baía de Guantánamo, a sudeste. O pico Turquino, com 1.974m, é seu ponto culminante. A suave inclinação que a ilha apresenta ao sul facilita a formação de enseadas, como as da península de Zapata.
Os corais litorâneos formaram a nova plataforma continental sobre a qual o arquipélago se sustenta. Foi submetida a sucessivos movimentos de elevação e rebaixamento. Caso o mar baixasse algumas dezenas de metros, quase todas as ilhas do arquipélago estariam unidas, já que são porções emersas da mesma plataforma. São numerosos os portos naturais.
Clima. Situada em região tropical e influenciada pelo centro de altas pressões do Atlântico norte, Cuba compreende duas zonas climáticas distintas: a planície seca e a área exposta aos ciclones. O clima dominante na maior parte do arquipélago registra temperaturas que oscilam entre 22,5o C em janeiro e 27,8o C em agosto. O índice pluviométrico é de aproximadamente 1.380mm, adequado para as extensas plantações de cana-de-açúcar, café e fumo, que cobrem grande parte do solo cultivado. A estação chuvosa se estende de maio a novembro, quando também ocorrem violentos furacões.
Hidrografia. O relevo da ilha determina duas vertentes fluviais de características muito diferentes, embora todos os rios sejam curtos e de pouco volume. Entre mais de 500 cursos de água, pouco menos da metade fluem do norte. O rio mais importante é o Cauto, que desemboca no sul, depois de percorrer 250km, dos quais oitenta são navegáveis.
Os lagos são pequenos e alguns têm água doce, outros salgada. O maior deles é a lagoa de Leite, ligada ao mar por meio de três canais naturais. Sua coloração se deve aos depósitos de carbonato de cálcio acumulados no fundo e removidos pelas correntes marinhas.
Flora e fauna. A vida vegetal está representada por mais de oito mil espécies, das quais umas seis mil são plantas superiores. Muitas delas são nativas do arquipélago. Grande parte da vegetação original foi substituída pelas plantações de cana-de-açúcar, café e arroz. O pinho, o mogno e o ébano, exportados em grandes quantidades, são de boa qualidade.
A vida animal é particularmente rica e variada no que diz respeito aos invertebrados, com mais de sete mil espécies diferentes de insetos e quatro mil de moluscos terrestres e marinhos. As esponjas são a base de uma próspera indústria, assim como a piscicultura, com dezenas de espécies de peixes de considerável valor comercial. Entre os répteis, destacam-se as tartarugas e os iguanas, assim como duas espécies diferentes de crocodilos quase extintas, mas protegidas.
População
Tipos raciais e língua. Durante mais de quatro séculos Cuba foi base de grupos étnicos de diferentes procedências. Os descendentes de espanhóis e de negros africanos são os grupos raciais predominantes, mas também há chineses, judeus europeus e libaneses, entre outros.
Os habitantes pré-colombianos procediam do continente sul-americano, sendo os cibonéis um dos grupos étnicos mais antigos. Estima-se que pouco antes da chegada de Cristóvão Colombo, os taínos, procedentes da península venezuelana de Paria, se estabeleceram não somente em Cuba, mas também no resto das Antilhas e nas Bahamas, desenvolvendo uma agricultura primitiva. Este último povo, pertencente ao grupo aruaque, constituía por si só entre setenta e oitenta por cento da população no início do século XVI.
Ao reduzir-se, a população indígena logo foi substituída por negros africanos, empregados principalmente nos grandes canaviais. Na maior parte, procediam do Senegal e da costa da Guiné, podendo detectar-se em suas origens étnicas a presença de elementos da cultura ioruba e banto. Muito depois da abolição da escravatura, entre 1919 e 1926, cerca de 250.000 trabalhadores negros provenientes do Haiti e da Jamaica foram contratados para trabalhar nas plantações de açúcar e, em sua maioria, estabeleceram-se definitivamente na ilha. Sua influência cultural, especialmente na música e na dança, tornou-se determinante.
A exemplo do Brasil e de outras partes da América Latina, em Cuba ocorreu intensa miscigenação racial, de modo que há vários séculos a população mestiça, em maior ou menor grau, passou a ser mais numerosa que todas as raças, à exceção da branca. Todavia, com a diminuição das taxas de mortalidade da população total e a redução da natalidade dos brancos, esta diferença reduziu-se significativamente.
A população européia, representada principalmente pelos imigrantes espanhóis, chegou a constituir três quartos do total. Sua influência nos usos e costumes, assim como na evolução política e econômica da sociedade, caracteriza a história cubana, seu folclore e suas tradições culturais.
O componente asiático está presente em apreciável proporção, sobretudo devido à imigração de trabalhadores chineses entre 1853 e 1874 e, mais tarde, na década de 1920. A grande maioria era composta de homens oriundos da região de Cantão.
O espanhol é o idioma oficial de Cuba e não há dialetos locais diferenciáveis. Algumas palavras indígenas, como hamaca (rede de dormir) e muitas outras, enriqueceram o espanhol local, assim como o suave acento e entonação usados pelos cubanos.
Estrutura demográfica. Na segunda metade do século XX, a população registrou mais de dois por cento de crescimento vegetativo anual, principalmente devido ao rápido decréscimo das taxas de mortalidade e ao elevado índice de natalidade, sobretudo nos extratos sociais inferiores. Desde 1960, porém, mais de um milhão de pessoas abandonaram o país por motivos políticos. A evolução demográfica posterior tendeu a compensar os desequilíbrios regionais, sendo maior o crescimento nas províncias escassamente povoadas que nas grandes cidades.
Além da capital, Havana, outras cidades importantes são Santiago de Cuba, Camagüey e Holguín, nas províncias homônimas; Santa Clara, capital da província de Villa Clara; Guantánamo, Cienfuegos e Matanzas, nas províncias de mesmo nome; Bayamo, capital de Granma; e Vitoria de Las Tunas.