Comércio – Havia, também, um comércio intertribal de artefatos manufaturados, produzidos em grande proporção: tecidos de algodão, cerâmicas decoradas, utensílios domésticos e alimentos excedentes. Alguns objetos, como contas de disco, eram usados como moedas.
Hierarquia – Os cacícados complexos desenvolveram um sistema de hierarquia sociopolítica. No topo dela, estavam os chefes supremos; depois, numa classe intermediária, estavam os nobres; por ultimo, os plebeus. Abaixo desses anteriores estavam os servos e escravos, conquistados por meio de guerras.
Poder divino – A autoridade dos chefes supremos era exercida por meio de uma crença no poder de origem divina. Os chefes dominavam extensos territórios. Os plebeus e servos que habitavam essas áreas pagavam tributos.
Fim dos cacicados – Os cacicados complexos, ligados aos marajoaras, foram extintos antes da chegada dos europeus. Mas, no ocidente amazônico, os cacicados não resistiram à colonização européia dos séculos XVI e XVII.
A DEMOGRAFIA DA AMAZÔNIA
O levantamento demográfico da Amazônia pré-histórica foi motivo de várias pesquisas.
Área lingüística – Os pesquisadores na área da lingüística, como Cestmir Loukotka, classificaram 718 línguas faladas na Amazônia, elas foram agrupadas nos troncos: Tupi, Caribe, Aruaque, Pano, Ge, Tucano e outras línguas isoladas não catalogadas.
Terra firme e várzea – O etno-historiador Willian Denevan (1977), reconhecendo a importância histórica do processo de despovoamento, fez um levantamento demográfico da Amazônia, levando em consideração a distinção entre os dois maiores ecossistemas: terra firme e várzea.
Terra firme – Ele estabeleceu para a terra firme 98% do território amazônico, atribuindo 0,2% hab/km², o que corresponde à cifra de um milhão de habitantes.
Várzea – Para a várzea, reconheceu a alta concentração de recursos naturais explorados pela tecnologia indígena. Por isso, sugeriu uma densidade de 14,6% hab/km², correspondente a novecentos e cinqüenta mil habitantes para os 65 mil km². Isso, em números redondos, somam dois milhões de habitantes só para a Amazônia brasileira.
Nesse sentido, podemos afirmar que, no século XVI, a Amazônia, era densamente povoada e que a várzea detinha uma maior concentração demográfica em relação à terra firme que, por sua vez, tinha uma população mais rarefeita.
OS POVOS DO SÉCULO XVI
Os Omáguas – Governavam as suas principais aldeias por meio de uma província, onde o seu governante era um principal ao qual todos obedeciam. Em época de guerras intertribais, eles matavam, entre os cativos, os chefes e os muito valentes, para prevenir insurreições; os demais eram incorporados à comunidade, onde cada chefe de família tinha um ou mais escravos domésticos. O algodão era cultivado, fiado e tecido entre os Omáguas, no Alto Amazonas, para a fabricação de roupas, onde as índias usavam botas de borracha e meias mangas de algodão.