Aluna descobre novos poemas de Carlos Drummond de Andrade

Aquelas pessoas que são fãs de poemas ou da literatura brasileira receberam uma boa notícia esta semana. Uma estudante chamada Mayra Fontebasso, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), anunciou a descoberta de poemas inéditos de Carlos Drummond de Andrade.

De acordo com as informações que foram confirmadas pela aluna, os achados pertencem à fase jovem do escritor, e foram originalmente publicados na revista de São Carlos (SP), mais especificamente em um exemplar da revista Raça, datando do ano de 1929. Estes poemas nunca haviam sido estudados anteriormente.

Na época, o editor responsável pela publicação era o jornalista Carlos Damiano. A família dele tinha uma série de exemplares, que acabaram sendo doado para a Fundação Pró-Memória, e acabaram resultando neste importante achado.

Época desconhecida

Um dos principais motivos que tornam estes textos importantes para a literatura como um todo está no fato de que eles pertencem a uma época que, até então, era pouco conhecida do autor, quando ele tinha cerca de 20 anos de idade.

De acordo com a análise do professor de literatura Segundo Wilton Marques, os poemas que foram encontrados mostram um jovem e excitante Drummond, que já apresenta um tipo de poema que vai caminhar em direção a modernidade posteriormente.

Confira os trechos dos poemas que forma encontrados:

O poema das mãos soluçantes, que se erguem num desejo e numa súplica

“Como são belas as tuas mãos, como são belas as tuas mãos pálidas como uma canção em surdina…

As tuas mãos dançam a dança incerta do desejo, e afagam, e beijam e apertam…

As tuas mãos procuram no alto a lâmpada invisível, a lâmpada que nunca será tocada…

As tuas mãos procuram no alto a flor silenciosa, a flor que nunca será colhida…

Como é bela a volúpia inútil de teus dedos…”

O poema das mãos que não terão outras mãos numa tarde fria de Junho

“Pobres das mãos viúvas, mãos compridas e desoladas, que procuram em vão, desejam em vão…

Há em torno a elas a tristeza infinita de qualquer coisa que se perdeu para sempre…

E as mãos viúvas se encarquilham, trêmulas, cheias de rugas, vazias de outras mãos…

E as mãos viúvas tateiam, insones, as friorentas mãos viúvas…”

O poema dos olhos que adormeceram vendo a beleza da terra

“Tudo eles viram, viram as águas quietas e suaves, as águas inquietas e sombrias…

E viram a alma das paisagens sob o outono, o voo dos pássaros vadios, e os crepúsculos sanguejantes…

E viram toda a beleza da terra, esparsa nas flores e nas nuvens, nos recantos de sombra e no dorso voluptuoso das colinas…

E a beleza da terra se fechou sobre eles e adormeceram vendo a beleza da terra…”

CARLOS DRUMMOND.

Pela Web

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