A Zona Franca de Manaus 

    Contudo o mais importante enclave industrial da Região fica na capital do Amazonas. A Zona Franca nasceu em 1967, sob a supervisão da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), vinculada ao Ministério do Interior. Com ela, era deflagrada uma operação geopolítica para a criação de um expressivo centro industrial em plena Amazônia. A sua meta consistia em reforçar o poder nacional na "região de fronteira".

A idéia era simples: Manaus transformava-se em "porto livre" para as importações e exportações. A isenção de impostos sobre importação de máquinas, matérias-primas e componentes e sobre exportação de mercadorias, aliada ao baixo custo da mão-de-obra local, deveria atrair empresas transnacionais e nacionais para a fabricação de bens de consumo duráveis.

Do ponto de vista desse projeto, a Zona Franca foi um sucesso. O Estado do Amazonas saltou de 145 indústrias em 1967 para 800 em 1977, sendo 549 localizadas em Manaus. No seu auge, no início da década de 1990, a Zona Franca representava 75% do PIB de todo o Estado e gerava mais de 120 mil empregos diretos e indiretos.

As empresas eletroeletrônicas dominam a aglomeração industrial, vindo em seguida as mecânicas e as de material de transporte. Os mercados consumidores são extra-regionais: a maior parte dos televisores, aparelhos de som, videocassetes, monitores, celulares, relógios e motocicletas made in Manaus destinam-se ao Centro-Sul do País. Os capitais dominantes são transnacionais e praticamente não se utilizam matérias-primas ou insumos regionais. A Zona Franca é uma ilha industrial cercada de florestas por todos os lados.

A política de abertura da economia nacional, com a redução das tarifas de importação, teve impacto negativo sobre a Zona Franca. Os empregos industriais diretos, que chegaram a ultrapassar 75 mil em 1990, caíram para pouco mais de 40 mil em 2000. A crise evidenciou os riscos associados ao caráter artificial do enclave, que depende dos incentivos fiscais.

A AGROPECUÁRIA E OS IMPACTOS AMBIENTAIS

A explosão agropecuária no Centro-Oeste foi também a ruína de um dos ecossistemas mais ricos do Brasil: os cerrados. Assim como ele, todos os grandes ecossistemas originais do Brasil foram ou estão sendo duramente afetados pelos efeitos predatórios do crescimento agrícola. Em todo o País, o avanço das áreas de cultivo vem implicando a intensificação nos processos erosivos, o empobrecimento dos solos e a diminuição da diversidade biológica.

Esse não é um fato novo. Já no século XIX, o avanço das culturas de café deixou atrás de si um rastro de destruição, sob a forma de sulcos erosivos profundos entre as fileiras de cafezais. O cultivo em curvas de nível, que oferece maior proteção aos solos, foi adotado muito tardiamente em algumas regiões.