4. Gil Vicente
Antecedentes do teatro Gil Vicentino
As encenações litúrgicas:
No período da Idade Média, sumiu o teatro greco-romano. Todas as comédias e tragédias, que demonstravam desde o sublime ao grotesco, a compacta visão clássica do homem, e do mundo aos deuses, foram todas ignoradas.
Não podemos considerar chamar de teatro medieval, pois todas as cenas que eram feitas em Portugal, bem antes de Gil Vicente, não apresentavam um texto escrito, ou seja, não apresentavam uma produção literária vinda de uma natureza dramática. Todas as representações cênicas existentes naquela época eram figurativas. Portanto podemos concluir que não havia um texto dramático, o que é mais interessante para a literatura.
Com o apoio tanto da Igreja Católica como da visão teocêntrica do mundo, podemos dizer que o teatro medieval foi praticamente um teatro litúrgico, juntando todos os ritos, o culto da religião católica e todas as celebrações, é importante sabermos que essa essas formas dramáticas, não tinham registros literários, pois elas eram encenações que eram realizadas nas abadias e igrejas, por certas ocasiões como:
• Natal;
• Páscoa;
• Corpus Christi.
Essas encenações eram sob algumas formas de jogos, autos e representações, onde havia reis magos e pastores adorando o Presépio, apóstolos, figuras alegóricas de anjos e demônios e os santos.
Destacam-se algumas encenações litúrgicas dentre as modalidades dessas encenações. Vejamos quais são essas encenações:
1. Os mistérios: relatos da vida de Jesus Cristo que eram tirados do Novo Testamento e também das passagens do Antigo Testamento que eram chamados de prefigurações do advento de Cristo.
2. Os milagres: representava a vida de todos os santos, dos apóstolos ou das intervenções miraculosas da Virgem Maria.
3. As moralidades: eram representações mais curtas que mostravam, ou melhor, que no final de cada uma delas havia um final moralizante e/ou didático.
As encenações profanas:
As encenações teatrais desenvolvidas na Idade Média que estavam fora do tempo religioso recebiam o nome de Profanas, eram tidos como mais populares e que não tinham relações nenhuma com o catolicismo. Associadas as festas populares limitavam-se a personagens de novelas de cavalaria, imitações de pessoas satirizando-as (arremedilhos), atores com máscaras, encenando sem palavras, somente com o corpo (pantomimas legóricas).
Existiam alguns tipos de encenações, dentre elas vejamos:
• As Farsas: era o nome dado às encenações satíricas populares, que tinha como “apoio” o aspecto cômico, situações ridículas e absurdas, como erros e deformações caricaturescas. Todas as farsas são mais dependentes da ação e dos aspectos externos, do que de todos os diálogos e conflitos dramáticos.
• As soties: a palavra sotie em Francês quer dizer tolo, elas são consideradas representações jocosas, parecidas com as farsas, porém com uma intenção critica, englobando tanto os protagonistas parvos, como os tolos.
• Os momos: eram representações mascaradas de pessoas e animais, que usavam além da fala, a mímica.
• Os entremezes: eram breves encenações que serviam para serem “passadas” no Intervalo de outra peça, continuou até o século XIX e começou a ser comum até o teatro do Romantismo.
• Os sermões burlescos: era um monólogo (dizer de si para si) que era recitado pelos jograis mascarados, que vestiam tanto roupas sacerdotais, como algumas farsas a respeito das farsas das histórias de clérigos e Freitas, realizando imitações jocosas de ações religiosas, como por exemplo, ladainhas e sermões.
• Os autos pastoris ou éclogas: eram conversas entre pastores que tinham um único sentimento terno e o um objetivo que era de voltar para suas origens.
Projeções do teatro gilvicentino
Gil Vicente foi o 1º que fez com que Portugal, em suas encenações, usasse o texto, e também foi um dos maiores poetas da época e um dos autores mais originais do Quinhentismo europeu. Gil Vicente foi tido pelos espanhóis como um dos maiores autores que escreveu em Língua Castelhana, como um dos iniciadores da altíssima poesia dramática de vários outros autores.