5. Classificação das obras de Gil Vicente
No teatro de Gil Vicente houve bastantes dificuldades, entre o entrelaçamento de gêneros, formas, fontes, motivos, diversidades formal e temática. Em 1562 foi publicada uma obra que foi organizada pelo filho do autor (Luis Vicente), chamada de A Copilaçam de Todalas obras de Gil Vicente, que classifica suas peças em cinco categorias:
• Assuntos religiosos (peça de devoção)
• Assuntos com várias composições bem menores (comédias, tragicomédias, farsas e obras meúdas), que passavam por uma censura por não serem aceitas pela sociedade e por ser classificado como obras defeituosas e não atenderem a critérios.
Na obra gilvicentina, são diferenciados alguns gêneros teatrais por Antônio José Saraiva e Oscar Lopes.
Vejamos:
a) Os autos pastoris: Monólogos ou diálogos de pastores à maneira de Juan del Encina. | b) Os autos de moralidade: Nascimento ressurreição de Cristo que foram diretamente inspirados da Bíblia. | c) Os autos cavalheirescos: Cenas de episódios sentimentais cavalheirescos, ao gosto da corte. | d) As farsas: é criado a partir de um flagrante de uma vida típica de uma pessoa, ou sucessão de quadros cômicos que são sem ligação. Ex.: A farsa de Inês Pereira e O Velho da Horta. | e) As alegorias de tema profano ou fantasias alegóricas: envolvia cenas de farsas, romance e canções. |
Os sermões burlescos e os monólogos são ainda diferenciados entre si, entre várias outras.
Gêneros principais, cronologia e evolução.
Os autos: são inspirados em mistérios e moralidades medievais, com seres não individualizados com própria psicologia, são símbolos que personificam anjos, demônios, virtudes, vícios e etc. Gil Vicente foi acrescentando aos seus autos uma dimensão bastante polêmica e satírica que era unida com a Luxúria, a Avareza o Trabalho e a Comunhão, ou seja, representava toda a sociedade no começo do Renascimento.
As Farsas: são bastante usadas para críticas através do riso, desnudam as mazelas da sociedade pré-renascentista. Retratam os tipos humanos e sociais, por meio da exploração de efeitos cômicos.
A distribuição cronológica de suas peças:
• Monólogo do Vaqueiro ou Auto da Visitação (1502)
• Auto Pastoril Castelhano (1502)
• Auto dos Reis Magos (1503)
• Auto de São Martinho (1504)
• Quem Tem Farelos? (1505)
• Auto da Alma (1508)
• Auto da Índia (1509)
• Auto da Fé (1510)
• O Velho da Horta (1512)
• Exortação da Guerra (1513)
• Comédia do Viúvo (1514)
• Auto da Fama (1516)
• Auto da Barca do Inferno (1517)
• Auto da Barca do Purgatório(1518)
• Auto da Barca da Glória (1519)
• Cortes de Júpiter (1521)
• Comédia de Rubena (1521)
• Farsa de Inês Pereira (1523)
• Auto Pastoril Português (1523)
• Frágua de Amor (1524)
• Farsa do Juiz da Beira (1525)
• Farsa do Templo de Apolo (1526)
• Auto da Nau de Amores (1527)
• Auto da História de Deus (1527)
• Tragicomédia Pastoril da Serra da Estrela (1527)
• Farsa dos Almocreves (1527)
• Auto da Feira (1528)
• Farsa do Clérigo da Beira (1529)
• Auto do Triunfo do Inverno (1529)
• Auto da Lusitânia, intercalado com o entremez Todo-o-Mundo e Ninguém (1532).
• Auto de Amadis de Gaula (1533)
• Romagem dos Agravados (1533)
• Auto da Cananea (1534)
• Auto de Mofina Mendes (1534)
• Floresta de Enganos (1536)
A poesia dramática de Gil Vicente é dividida em três fases:
• 1ª Fase: Com herança medieval e influência de Juan Del Encina (espanhol); e pela permanência da religião e dos pastoris, as obras eram de ação dramática que expressavam os temas bíblicos e pastoris. Desta fase apresentam-se as seguintes obras: o Monólogo do vaqueiro, o Auto dos reis Magos, o Auto Pastoril Castelhano e etc.
• 2ª fase: Não mais influenciado por Juan del Encina, a linguagem nacional popular passou a substituir o saiaguês, diversificando vários registros, como a linguagem culta da elite, a fluência do tom colonial, a linguagem chula, a gíria, o lirismo do Cancioneiro Geral, o calão das personagens entre outros.Gil Vicente nesta fase, nacionalizou o seu teatro, iniciando assim o tratamento dos temas sociais e tornando real uma poesia dramática com uma alta densidade crítica, lírica, religiosa, psicológica e filosófica, “coberta” por uma linguagem mordaz, colorida, de marca a somente um tempo pessoal e nacional.
• 3ª fase: É a fase da Maturidade. Oferece uma reconstituição da sociedade Quinhentista que ia da sociedade “excluída” e dos nobres, que passava pelos camponeses, ciganos, judeus, magistrados, corruptos, isso media a maneira de se vestir como também o modo de se comunicar. Nesta fase apresentam-se as seguintes obras: A Farsa de Inês Pereira, A trilogia das Barcas, Auto da Lusitânia entre outras.
Ideologia: Medievalismo, Humanismo e Renascentismo.
O teatro de Gil Vicente mostra o bifrontismo da época, ou seja, a convivência de resíduos medievais, que apresentavam antecipações renascentistas. A propagação da cultura clássica e do pensamento científico confrontou-se com a intolerância religiosa, onde na metade do século XVI, impôs uma censura bruta. É impossível de acreditar que D. Manuel e D. João II, aceitaram que as obras suspeitas em matéria de fé fossem representadas e aplaudidas pela corte.
Não se pode duvidar da posição religiosa do dramaturgo, pois ele nunca colocou em dúvida a verdade da fé cristã, “divulgou” a devoção a Nossa Senhora, cria na confissão dos pecados e na existência do purgatório. Com isso ele acabou se afastando da reforma luterana e mostrou uma visão conservadora, teocêntrica e medieval, tanto da sociedade como da vida, realizando assim uma passagem para o Renascimento.
Ele foi considerado um humanista com grande capacidade de observação e um grande espírito crítico, fazendo com que ele se afastasse do teocentrismo dogmático e lançasse no inferno o frade folgazão do Auto da Barca do Inferno, atacando assim o negócio das indulgências, à atribuição de fenômenos naturais à intervenção direta de Deus, o mundanismo da corte pontifícia, a dissolução dos costumes do clero e o culto supersticioso.
Como ele foi considerado humanista, ele acabou por praticar a tolerância religiosa, representando com muita simpatia o dia a dia de uma família judaica, na sua obra o Auto da Lusitânia, onde enviou uma carta ai rei, defendendo os judeus.
Então, a arte de Gil Vicente aproxima-se da arte manuelina, por causa da combinação de elementos que eram tirados da realidade portuguesa do Quinhentismo e com um traço estruturalmente gótico, em suas obras, como autos e farsas estão:
1. O medievalismo e o classicismo;
2. Aspectos épicos, líricos e burlescos;
3. As figuras do Velho Testamento e os heróis lendários de Roma e da Grécia;
4. Divindades mitológicas e a Virgem Maria;
5. Anjos, demônios e homens e mulheres;
6. Reis fidalgos, altos prelados e parvos, pessoas que bebiam muito e prostitutas;
7. Nobres orgulhosos e fidalgos decaídos;
8. Judeus, ciganos, mouros, pretos, comerciantes, artesãos;
9. Marinheiros e soldados a caminho do Ultramar;
10. Damas da corte, moçoilas casadoiras, camponesas ingênuas, esposas infiéis, alcoviteiras e caftinas;
11. As festas palacianas e as cantigas e bailados folclóricos;
12. Linguagem culta da elite, a linguagem “caipira” dos camponeses e a linguagem desbocada das ruas;
13. A língua portuguesa, o castelhano, o dialeto saiaguês, o latim eclesiástico e forense, frases feitas, provérbios, imprecações e o linguajar típico de cada grupo social.
Características formais
Afastado dos princípios do Teatro clássico, Gil Vicente não obedece á Lei das Três Unidades divulgada por Aristóteles, que dizia que estabelecia uma grande concentração dos efeitos emotivos, propondo uma unificação do tom da peça, retirando alguns personagens e algumas ações que não ajudavam no efeito final. Tanto as comédias como as tragédias clássicas, eram sujeitas à disciplina das três unidades, vejamos:
• Unidade de tempo: a ação deve impor à restrição a duração de um dia, ou até mesmo um pouco mais;
• Unidade de lugar: a ação deve se concentrar em apenas um local, ou até mesmo em poucos lugares;
• Unidade de ação: a peça deve girar em torno de apenas uma ação, ou seja, de uma célula dramática.
O teatro Vicentino seguiu um caminho contrário à disciplina clássica, onde suas farsas e autos realizavam cenas com temas diversificados, apresentando várias situações envolvendo muitos atores e figurantes também.
Todas as ações que são representadas são bastante desprovidas de todas as anotações a respeito da sua duração. Já com relação aos lugares, podemos dizer que eles eram diversificados, se justapondo sem se preocupar unitariamente. Gil Vicente tinha toda liberdade para criar as cenas do seu teatro juntando elementos cômicos com elementos sérios, indo de tom em tom, sem nenhuma restrição, colocando no palco diversas classes sociais, representadas através de gestos, vestimentas, instrumentos de trabalho e ações, e principalmente através da linguagem própria de cada classe profissional ou social, revezando o registro elevado com o registro baixo.
Se tratando da ação dramática, existem duas importantes modalidades, dentro do teatro vicentino, que são as:
As peças de ação fragmentária: nessas peças não encontramos enredos, pois não ocorre uma ação contínua, com começo, meio e fim, portanto as cenas são feitas sem relação nenhuma de causalidade, criando quadros meios independentes. No caso do Auto da Barca do Inferno, as ações são fragmentadas, ou seja, a ação é composta por uma única situação, que vai sempre se repetindo, porém variando os protagonistas. Essa obra (Auto da Barca do Inferno) é considerada uma alegoria religiosa, onde todos os tipos exemplares da sociedade quinhentista portuguesa são julgados pelo Diabo e pelo Anjo, onde eles embarcam pelos cais da vida eterna, tanto para a salvação como para a danação, isso irá depender da vida que cada um levou.
As peças de enredo: desenvolve a história de uma ação contínua e encadeada em volta de um episódio que foi tirado da vida real, que envolve vários episódios que envolvem uma personagem central. Nessas características estão as obras: o Auto da Índia, A Farsa de Inês Pereira e o Velho da Horta.
Personagens
A. personagens-tipos
Esses tipos de personagens são aqueles que falam e agem, eles apresentam generalizações e estereótipos que mostram uma categoria profissional ou uma classe social, ou também um grupo de pessoas identificadas pelo seu tipo psicológico.
B. Personagens alegóricas
Não fala de homens ou mulheres, mas com deuses, com anjos, diabos, virtudes, a Igreja, a Lusitânia, a Fama, as estações do ano, os planetas e etc. Na obra Auto da Lusitânia, os dois personagens: Todo Mundo e Ninguém, representam somente a idéia que seus nomes sugerem, são tanto nomes próprios como pronomes indefinidos.
Língua e Linguagem – A poesia dramática.
Se tratando de repertório da língua portuguesa, podemos dizer que Gil Vicente apresenta um repertório muito variado, na época que antecedeu á sistematização que foi operada no Classicismo. Todos os seus personagens se expressavam em vários registros lingüísticos, como o português vulgar, o culto, o médio, o pseudo-erudito e o erudito. As diferentes formas do mesmo vocabulário refletiram no sincretismo gramatical da época, que foi simplesmente marcada de formas de convivência mais antigas com as mais modernas, como:
• Oiro e ouro;
• Antre e entre;
• Padre e pai;
• Noute e noite;
• Meo e meio;
• Entre outros.
Gil Vicente escreve suas obras fazendo uma transição do português arcaico para o português atual, empregando assim vocabulários modernos.
Ele escreveu algumas peças escritas em castelhano, outras são bilíngües, onde há personagens que expressam o português, e outros que expressam o castelhano. Por esse motivo, ele resolveu refletir uma proximidade entre Espanha e Portugal.
As personagens de Gil Vicente, falavam em versos redondilhos, tanto menores quanto maiores, agrupados em estrofes rimadas, pois ele foi capaz de conciliar a linguagem poética com a linguagem corrente.
Ele criou a fala musical, para que fosse incorporada a sonoridade da poesia, aumentando assim a expressividade das palavras.
A farsa de Inês Pereira
Muitas figuras palacianas duvidavam que Gil Vicente não fosse o autor legal das peças escritas com seu nome, então ele respondeu àqueles que duvidavam dele; perguntou-lhes sobre um tema que quisesse que escrevesse então a população lhe respondeu com essa frase: “Mais quero asno que me leve que cavalo que me derrube”. Para que o tema dado pelo povo fosse reestruturado, então o mesmo compôs essa farsa bilíngüe.
A farsa escrita por Gil Vicente foi uma comédia que mostrou a vida de uma moça chamada de Inês Pereira, uma moça gilvicentina, bastante ociosa, namoradeira e leviana e tinha uma vida que girava em torno de uma vida doméstica e que engloba vários personagens bem definidos. Sempre ficava em frente ao espelho se arrumando, pois seu sonho era ter um casamento nobre.
Gil Vicente usa a obra para fazer mais uma crítica às pessoas da época, cada personagem do livro representa um tipo de pessoa. A personagem de Inês Pereira era uma maneira de crítica às moças daquela época que eram bastante ambiciosas que esperava um casamento cheio de luxo. Brás da Mata era um falso escudeiro também ambicioso, malandro e galanteador, falava muito bem, mas era superficial e covarde. As alcoviteiras (corretor de prostitutas) que no caso era Lianor Vaz uma mulher do tipo fofoqueira, sendo então, satirizada a classe sacerdotal. Havia os judeus que também eram casamenteiros chamados Latão e Vidal, seu modo de falar e de agir eram característicos. Então Gil Vicente faz um contraste entre Pero Marques e Inês Pereira. Pero Marques é o 1º pretendente de Inês Pereira, era um camponês rústico, bobo e honesto e com boas intenções com Inês. Inês Pereira, fria e calculista, ambiciosa, insensata.
A farsa começa com Inês Pereira reclamando da sua vida, dos trabalhos domésticos que tinha de fazer, reclamava da “prisão” que vivia e queria ser liberta daquela “escravidão”. Sonhava com um homem que a tirasse de sua vida habitual e o ele deveria ser discreto, bailarino e músico…
Texto I
A protagonista Inês Pereira como vimos é bastante insatisfeita com a vida, isso fica bem claro em toda obra, pois isso é repetido várias vazes por ela. Tinha a postura de rebelde e insatisfeita, quando se casara com um homem que achava que tinha posses.
Cantiga de Inês Pereira que finge estar lavrando somente em sua casa:
Renego deste lavrar
E do primeiro que o usou;
Ó diabo que o eu dou,
Que tão mau é d´aturar.
Oh Jesu! Que enfadamento,
E que raiva, e que tormento,
Que cegueira, e que canseira!
Eu hei-de buscar maneira
D´algum outro aviamento.
Coitada, assi hei-de estar.
Encerrada nesta casa
Como panela sem asa,
Que sempre está num lugar?
E assi hão-de ser logrados
Dous dias amargurados,
Que eu possa durar viva?
E assim hei-de estar cativa
Em poder de desfiados?
Antes o darei ao Diabo
Que lavrar mais nem pontada.
Já tenho a vida cansada
De fazer sempre dum cabo.
Todas folgam, e eu não,
Todas vêm e todas vão
Onde querem, senão eu.
Hui! e que pecado é o meu,
Ou que dor de coração?
Esta vida he mais que morta.
Sam eu coruja ou corujo,
Ou sam algum caramujo
Que não sai senão à porta?
E quando me dão algum dia
Licença, como a bugia,
Que possa estar à janela,
É já mais que a Madanela
Quando achou a aleluía.
A Farsa O Velho da Horta
Os personagens principais dessa farsa são: uma moça, muito bela, humilde e cheia de realismo sábio de todas as pessoas simples, um velho, galanteador e muito rico e a alcoviteira chamada Branca Gil, uma mulher sem escrúpulos e oportunista. O tema que centraliza essa farsa é o amor tardio, as conseqüências horríveis desse amor, o assédio de um velho, que se diz irresistível, por uma jovem prudente e esperta.
A farsa começa, quando a moça se dirige até a horta desse velho, para apanhar algumas hortaliças, onde ele quando a vê, se apaixona por ela…
Vejamos agora um texto que nos mostra o diálogo entre a moça e o velho:
Texto II
A moça entra na horta e diz para o velho:
VELHO: Senhora benza-vos Deus,
MOÇA: Deus vos mantenha senhor.
VELHO: Onde se criou tal flor? Eu diria que nos céus.
MOÇA: Mas no chão.
VELHO: Pois damas se acharão que não são vosso sapato!
MOÇA: Ai! Como isso é tão vão, e como as lisonjas são de barato!
VELHO: Que buscais vós cá, donzela, senhora, meu coração?
MOÇA: Vinha ao vosso hortelão, por cheiros para a panela.
VELHO: E a isso vinde vós, meu paraíso. Minha senhora, e não a aí?
MOÇA: Vistes vós! Segundo isso, nenhum velho não tem siso natural.
VELHO: Ó meus olhinhos garridos, mina rosa, meu arminho!
MOÇA: Onde é vosso ratinho? Não tem os cheiros colhidos?
VELHO: Tão depressa vinde vós, minha condensa, meu amor, meu coração!
MOÇA: Jesus! Jesus! Que coisa é essa? E que prática tão avessa da razão!
Auto da Barca do Inferno
O Auto da Barca do Inferno foi à primeira trilogia das barcas, foi classificada também como auto da moralidade, em que é retratada a sociedade na época de Gil Vicente e que vale também como uma advertência e uma edificação; indicando todos os pecados que a afastam da salvação. As condições para Gil Vicente encenar suas peças não era a das melhores, pois não tinha recursos cenográficos. Garcia de Resende, que era também dramaturgo tinha relação com as maiores festas na corte. Então um dia quando estava em uma das festas com D.Pedro II, ele fez uma “apresentação” do que seria sua obra. Os personagens de O Auto da Barca do Inferno são:
Diabo (Barqueiro do Inferno)
Anjo (Barqueiro do inferno)
Companheiro do Diabo
Fidalgo (membro da nobreza)
Pejem do fidalgo
Onzeneiro
Joane, o Parvo (bobo tolo)
Sapateiro (Chamado Joane Antão)
Frade
Florença (Amante do Frade)
Brígida Vaz (a Alcoviteira)
Judeu
Corregedor (Magistrado, Juiz de Direito)
Procurador (Advogado do Estado)
Enforcado
Quatro Cavaleiros (Combatentes nas Cruzadas)