Nos livros e nas principais referências sobre sociologia e história, vemos sempre menções extasiantes sobre a Revolução Francesa, no século XVIII. No entanto, outra espécie de revolução marcou tanto quanto o país, e serviu como inspiração para gerações posteriores – principalmente do espectro da esquerda. Foi a Comuna de Paris, uma tentativa de governo exclusivamente popular em uma das principais capitais do mundo.
Resumo:
Contexto histórico
Entre os séculos XVIII e XIX, o que não faltou na França foram revoluções, envolvendo, em geral, as três classes sociais da época: os monarcas, os burgueses e o povo. Após a Revolução Francesa, a instauração de um novo Império na França e a ascensão da burguesia como principal classe econômica, o povo francês deu os primeiros indícios de movimentação independente.
Em 1848, após reviravoltas envolvendo o poder do país, o povo se voltou contra a burguesia francesa, e se aliou à monarquia, enfraquecida naquele momento, para isso. Logo, a nação da ‘Liberdade, Igualdade e Fraternidade’ se via lutando em duas frentes: em seus conflitos internos e na batalha econômica contra a Inglaterra, principal potência após a Revolução Industrial, e economias crescentes, como a da Prússia.
O Império comandado por Napoleão III (sobrinho de Napoleão Bonaparte), já fragilizado, então envolveu-se numa guerra contra o Reino da Prússia, após constantes atritos. No entanto, a França, naquele momento, não era forte o suficiente para derrubar o exército prussiano, e acabou sendo facilmente derrotado, e o imperador feito prisioneiro de guerra.
Como ocorreu
Em meio a iminente derrota de Napoleão III na guerra contra a Prússia, instaurou-se um Governo Provisório na França, denominado Terceira República Francesa, comandado por Louis Adolphe Thiers. Logo, começaram vir à tona conflitos com a Guarda Nacional, com o objetivo de defender o país cercado pelo exército prussiano.
Revoltados com as sabotagens à Guarda Nacional, que se mantinha em contato com a população através de assembleias, o povo francês enxotou o governo Thiers do poder, tomaram Paris, iniciaram a independência da cidade e decretaram a Comuna.
Mas no que consistia a Comuna de Paris?
Após a queda Thiers, o povo, no início, focou-se em conter o avanço prussiano nas fronteiras francesas e, através de milícias populares, visaram proteger o país comandados por um comitê encabeçado pela Guarda Nacional. Logo, no entanto, o aspecto democrático da ‘revolução’ se sobressaiu e veio à mão da Assembleia de Deputados do Povo o poder, e assim se formou a Comuna de Paris.
Muitos dos principais líderes pertenciam à Primeira Internacional e tinham como inspiração a obra de Karl Marx sobre o socialismo. Durante a administração popular, separaram a Igreja do Estado, destituíram a polícia e deram as decisões populares sobre o novo governo na mão do povo, que se reunia e discutia assuntos públicos em comissões populares.
Os índices de criminalidade e fome foram reduzidos a quase zero, e todo o aparato da máquina pública usada pelos monarcas e pelos burgueses foi tomado e dado à população. A grande voz vinha da classe operária, que instaurou, definitivamente, a primeira tentativa de um governo popular de viés socialista.
Como terminou?
Durou um mês a Comuna de Paris, e teve sucesso no que estava proposta a fazer. No entanto, mesmo com a, até então, eficaz resistência ao exército prussiano (aliado agora ao antigo governo Thiers), que mais tarde viraria a Alemanha, a Assembleia de Versalhes, maior representante da população no momento, temerária pela possível derrota, assinou um acordo de paz e assim se reestabeleceu a antiga ordem do sistema.