Principais marcos do renascimento comercial e urbano
Por Mariana Sousa
Imagine um mundo sem comércio. Sem concorrência nas vendas. Um mundo em que o dinheiro não existia da maneira como conhecemos atualmente. No século XI, que compreende o momento da Baixa Idade Média, observou-se diferentes tipos de avanços e mudanças nas regiões feudais. Os formatos de trabalho passaram a ser modificados. Não era apenas a terra pertencente ao senhor feudal que ditava as regras.
Também nesse período ganha força o uso cada vez mais frequente da charrua, uma espécie de arado mais sofisticada que os arados tradicionais. O moinho hidráulico também mudou o cenário agrícola nas regiões feudais. Assim, o homem do campo passou a entender e lidar melhor com as diferentes culturas ou técnicas agrícolas. Assim, ele buscava evitar o empobrecimento do solo. Percebe-se, nos bastidores desse interesse, também uma vontade de ampliação da produtividade. As populações cresciam e cada vez mais se observava a necessidade de mais produtos.
Resumo:
Comerciantes e artesãos ganham destaque
O campo passava por diferentes transformações e o perfil do comerciante e artesão também adquiria novas cores. Essas pessoas viviam nos burgos, os tais espaços enormes e seculares que serviram de alojamentos militares. Vem daí a palavra burguês. Enfim, os burgueses passaram a ter mais traços de autonomia para comercializar seus produtos. Assim, o fluxo de mercadorias e as relações entre camponeses e moradores dos burgos foram sendo ampliados. Esse é o chamado período do Renascimento comercial e urbano da Idade Média.
A relação do vassalo e o senhor feudal também foi se modificando. Não havia mais um processo rígido de obrigações. No período que segue a partir do século XII o camponês passa a exigir dinheiro em contrapartida à sua oferta de trabalho.
Tudo aquilo que era produzido para além do consumo, que hoje chamamos de excedente agrícola, também passou a ser objeto de cobiça dos camponeses. Ao menos uma parte desse excedente deveria ser repassado para tais trabalhadores. Quando não se sentiam satisfeitos, os camponeses mudavam-se para os burgos e passavam a trabalhar em áreas manufatureiras e artesanais.
O papel dos burgos
O papel dos burgos passou a ser cada vez mais importante no cenário. A demografia logo foi afetada por uma forte concentração de habitantes. Onde há muita “gente”, também se precisa de estrutura. A vida doméstica e toda a sua parafernália passou a ser cada vez frequente em tais espaços.
Com as necessidades da população, tudo precisava ser fabricado. Daí a ampliação do ciclo da manufatura. Cada matéria-prima gerava um produto útil para tantos burgos. O ferreiro do período medieval passou a trabalhar com produção muito além das espadas e lanças.
A comercialização dos produtos e a transmissão dos conhecimentos de cada profissional/artesão também passaram a fazer parte do cotidiano das pessoas. Afinal, como ninguém é eterno, os mestres também transmitiam seus ofícios aos aprendizes.
Com tanta mudança, o valor financeiro das coisas passou a ser visível e foi observada uma ampla mostra de enriquecimento da burguesia. Os senhores feudais não gostaram muito da ideia. Daí começam os grandes conflitos que envolvem recursos financeiros no mundo pós-idade média.