A relação entre Karl Marx e Ludwig von Mises é muito próxima. São como as duas faces de uma moeda, onde o lado original da teoria – Marx – se complexifica graças à crítica intensa – Mises – sobre o pensamento comunista.
Dois livros de Mises são especialmente poderosos, no que se refere a uma crítica abalizada e competente da obra marxista, são eles: Socialismo e Teoria e História.
Resumo:
Principais pontos da crítica de Mises a Marx
Para Marx, todo e qualquer sistema social abriga conflitos entre classes. Inclusive, no caso do capitalismo, seriam as tensões entre capitalistas e proletários. As teorias sobre cada classe surgem do conflito. Nesse contexto, surge uma questão importante: as teorias acabam sempre falando apenas sobre a classe na qual foram originadas, ou seja resguardam seus próprios interesses.
Desse modo, se o foco é o social, como discutir o sistema econômico em si? Mises levanta essa questão, apontando como a base de Marx era passível de incoerência. Afinal, se Marx pretendia apontar o que seria a exploração sofrida pelo proletário, mas se o discurso é apenas válido em si mesmo, como a classe “oprimida” poderia dar-lhe ouvidos?
Mises, acima de tudo, era um racionalista. A razão, para esse pensador, era o que serviria para todo indivíduo lutar contra os erros.
Mises x Marx e a visão de História
Segundo o teórico do comunismo, a História se relaciona a forças de produção – ou seja, sua tecnologia – e tudo tende a se desenvolver. Quando esse processo ocorre, são exigidas modificações em relação ao sistema social e econômico. Por isso, para Marx: partiu-se do feudalismo rumo ao capitalismo e desse, para o socialismo – porque esse último seria mais produtivo.
Mises joga por terra a noção de “forças” que agem pela mudança. Segundo ele, os indivíduos é que são capazes de ações que podem vir a promover mudanças. Esse é o dado concreto. Com isso, Mises sai do plano da abstração marxista, trazendo um olhar mais palpável sobre esse tipo de movimento de transformação social.
Desse modo, somente seres humanos podem empregar atitudes para modificar um cenário dado. Afora isso, se houver uma ideia de que tudo pode se transformar “de fora para dentro” da sociedade, isso terá de ser estudado, pois é metafísico. Evidentemente, que atribuir aos homens a propriedade sobre suas ações não prevê um sentido único para as mesmas, pois os efeitos podem ser inesperados. Por isso a experiência humana é tão fascinante e complexa.