O gaúcho Getúlio Vargas (1882 – 1954) governou o Brasil em duas oportunidades: de 1930 a 1945 e de 1951 a 1954. Na primeira oportunidade, governou após um golpe de Estado, instaurando uma ditadura que ficou conhecida como o “Estado Novo”. Na segunda oportunidade, foi eleito pelo povo, encerrando seu mandato com o trágico e controverso episodio de seu suicídio.
Resumo:
Primeiro mandato – 1930 a 1945
Após um conturbado processo de sucessão do então presidente Washington Luís, um levante teve inicio, liderado por Getúlio Vargas. Em 3 de outubro de 1930, exatamente as 17 horas, em Porto Alegre, ocorre a tomada do quartel-general da 3ª região militar. Este ataque marca o inicio da revolução que alçaria Getúlio ao poder.
O período que vai de 1930 até 1934 ficou conhecido como Governo Provisório, pois não havia sido realizada uma nova Constituição. Durante esse período, houve diversos eventos que conturbaram o inicio de trajetória de Vargas como presidente do Brasil. Destes, nenhum é mais lembrado do que a Revolução Constitucionalista de 1932.
Neste conflito, iniciado em 9 de julho de 1932, os paulistas, contrários ao governo Vargas, pediam por uma constituição. Para isso, travaram combates com as forças do governo até 2 de outubro de 1932, quando por fim, foram derrotados.
Em 15 de novembro de 1933 é instalada a Assembleia Nacional Constituinte, presidida por Antonio Carlos de Andrada. Ela promulgou a Constituição em 16 de julho de 1934. Esse ato deu inicio ao período do governo Vargas conhecido como governo constitucional (1934-1937).
Em 30 de setembro de 1937, enquanto eram aguardadas as novas eleições presidenciais instituídas pela Constituição de 1934, o governo Vargas denuncia a realização de um suposto golpe de Estado comunista para tomada do poder. Esse seria o pretexto para que Getúlio Vargas instaurasse, a 10 de novembro de 1937, o Estado Novo, uma ditadura que lhe dava plenos poderes.
Em um pronunciamento de rádio, Vargas disse que o objetivo do Estado Novo era “reajustar o organismo político às necessidades econômicas do país”. Houve, a partir de então, uma forte intervenção do governo em diversos setores da economia do país, sempre com a desculpa de defesa do “bem comum”.
O Estado Novo foi um período cheio de atribulações políticas, onde, entre outras coisas, o Brasil flertou com os países do eixo, durante a Segunda Guerra, e depois se alinhou ao lado das nações aliadas. Houve diversos casos de abuso de poder, perseguições políticas e mortes. Sem deixar de mencionar os casos de tortura.
Houve censura aos meios de comunicação, e uma extensa propaganda política enaltecendo os feitos do governo Vargas foi instituída por toda a parte. Atos cívicos eram comuns, e é nessa época que Getúlio recebe a alcunha de pai dos pobres.
Houve também realizações de fato: é dessa época a criação do Museu Imperial de Petrópolis; foi durante o Estado Novo que Lampião e seu bando foram capturados e mortos, pondo fim a uma onda de terror no Nordeste brasileiro; foram construídas estradas, como a Rio-Bahia, a primeira rodovia que ligava o centro-sul ao nordeste; foram criadas as primeiras leis de regulamentação da indústria do petróleo.
Segundo mandato – 1951 a 1954
Após um período como senador da República, Getúlio retorna ao poder, dessa vez por meio do voto popular, vencendo uma eleição contra o Brigadeiro Eduardo Gomes e Cristiano Machado.
Esse governo foi marcado por diversos episódios, o mais famoso, o do controverso suicídio de Getúlio em 24 de agosto de 1954. Onde, em sua carta, diz, entre outras coisas, que sai da vida para entrar para a História (frase que aparece apenas na versão datilografada). A verdade é que seu segundo mandato teve percalços, especialmente em virtude de um atentado ao seu adversário político, Carlos Lacerda, o famoso atentado da Rua Tonelero, que teve a participação de Gregório Fortunato, o chefe da guarda pessoal de Getúlio. Fato é que, seja ou não seja de sua autoria, a frase de Vargas aplica-se perfeitamente ao mito em torno do mais famoso presidente brasileiro: ele de fato entrou para a História.