O pensador Max Weber, nascido na Alemanha, se debruçou enormemente sobre o tema da Ética Protestante, vivendo entre o fim do século XIX e início do século XX, época de profundas mudanças no panorama sociopolítico mundial.
Weber foi de grande influência para a Modernidade, pois ajudou a explicar mais claramente as razões para a ruptura exercida pelo protestantismo e como isso acabou dando suporte ao capitalismo, enquanto modelo econômico e, em última dimensão, político.
Anteriormente, a ética se baseava em tradições e virtudes, como vinha desde a filosofia grega – com Platão e Aristóteles e os pensadores cristãos – Marcílio de Pádua, São Tomás de Aquino e Santo Agostinho. A Modernidade vem, então, para desconstruir essa visão cristalizada desde a Antiguidade até a Idade Média, instaurando uma ética protestante que se constituía sobre as bases da responsabilidade e do trabalho. Essa nova forma de viver a ética, dos protestantes, acabou sendo um dos principais pontos para o crescimento do modo capitalista de produzir, dando todos os alicerces necessários para que se estabelecesse com força, em um movimento que se verifica até hoje.
Max Weber, então, colocava a ética protestante sempre em diálogo com autores importantes de seu tempo, como Richard Baxter, que sempre desenvolvia o tema da ética puritana, para a qual a verdadeira crença é a de que a moralidade está profundamente ligada à negação de determinadas atitudes como o “descanso sobre a posse, ao gozo da riqueza, com […] ócio e […] sensualidade, e […] à desistência da procura de uma vida ‘santificada’” (WEBER, 2004, p. 205).
Assim, os purtanos viam que o perigo verdadeiro da riqueza era a possibilidade de levar o homem ao ócio permanente ou ao relaxamento, que não combinaria com a vida terrena, que deve ser vivda pelo trabalho, de preferência árduo, para louvar à Divindade. Isso se deve a uma interpretação Bíblica, na qual é dito que o descanso eterno é obtido após a morte, ou seja, o ócio não seria o indicado a esse plano material; aqui seria o momento de aproveitar a oportunidade da vida, trabalhando. Pecado é a perda de tempo e o relaxamento.
Nesse ponto se faz presente um dos principais pontos dentro da ética do protestantismo de Weber: a ascese. Esse conceito, que significa um conjunto de práticas e exercícios visando um objetivo, foi muito utilizado pelo pensador, para estabelecer uma conduta que fosse se prestar a que qualquer um chegasse ao sucesso. Contudo, o caminho seria extremamente difícil com esforços mentais e físicos constantes e muito rígidos, que preveniriam a tentação de uma vida relaxada –que era vista como desonesta.
Até mesmo a sexualidade era compreendida na teoria de Weber. A ascese sexual consistia em levar a termo a importante ideia bíblica de “crescei e multiplicai-vos”, sendo que o contato sexual se daria apenas para a procriação, jamais pelo prazer vazio e frugal.
Inspirando-se em ideias de São Pedro – “quem não trabalha não deve comer” – o homem deve ser um apaixonado pelo seu ofício. Caso não esteja satisfeito com o que faz, deve buscar uma outra ocupação, porque Deus se agrada de quem faz algo que se relacione a uma vocação natural de cada indivíduo. É evidente que esse momento de busca por outra atividade deve ser muito rápido, para que o homem não fique no ciclo do ócio.
A teoria da Ética Protestante, portanto, aprova comportamentos como os de um “self-made man” – homem que enriquece pelo seu próprio esforço -, o que reflete toda a ascese preconizada por alguém dentro da moral dessas crenças religiosas. Interessante notar que essa imagem do self-made man é uma das pedras fundamentais do capitalismo exercido pelos Estados Unidos. Esse seria exatamente a concretização do “sonho americano”.