A Inconfidência Mineira queria a independência do Brasil?
Por Mariana Sousa
O período que compreendeu o século XVIII no Brasil acabou sendo palco de muitos processos exploratórios e de descoberta das minas de ouro. Nos estados do Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais foram encontradas as principais reservas que despertaram o interesse dos colonizadores de Portugal. Todos nós sabemos que, quando os portugueses aqui chegaram, ficaram encantados com tantas riquezas do país.
A descoberta das reservas de ouro fez com que o governo de Portugal criasse uma diversidade de impostos para a ampliação dos lucros nas atividades de minérios. Com o passar do tempo e o natural esgotamento das minas, Portugal deixou de receber tantas toneladas de ouro. Não poderíamos esperar outro fato já que o ouro não é um recurso renovável. Com essa redução, a cobrança dos impostos foi ampliada. As cidades que produziam minérios passaram a sofrer fiscalizações mais rígidas. Um dos impostos mais polêmicos desse período foi o derrama. Era um tipo de cobrança que visava a recuperação dos impostos que estavam em atraso. Quando não paga, o governo português chegava a retirar outros bens que estavam na posse dos mineradores em dívida com a nação.
Resumo:
O surgimento da Inconfidência Mineira
Foi por conta desses abusos praticados pelos portugueses que um alguns mineradores, donos de terra em Minas Gerais e intelectuais do circuito de mineração começaram a se organizar em protesto. Tudo começou em 1780, quando foi discutido e planejado um plano que visava o fim da colonização brasileira por parte de Portugal. As reuniões desses grupos ficaram cada vez mais organizadas e deram origem ao que conhecemos como Inconfidência Mineira.
Os inconfidentes, como ficaram conhecidos, defendiam principalmente a independência de Minas Gerais. Queriam um governo mais justo e democrático. Em que pese as ideias de independência, os inconfidentes não eram contrários à escravidão. Queriam modernizar a economia local, criar universidades e separar o Estado e a Igreja. Organizaram um plano de rebelião que seria deflagrado após a cobrança da derrama no município de Vila Rica. A ideia era ganhar o apoio da população, deflagrando o movimento na hora do pagamento do famigerado imposto.
Joaquim Silvério dos Reis: o traidor
Mesmo com todos os detalhes planejados, um dos inconfidentes acabou sendo delator do plano de rebelião. Conhecido como Joaquim Silvério dos Reis, ele entregou o plano ao governo português e em troca solicitou o perdão de suas dívidas pessoais. Com a confissão de Joaquim, as autoridades portuguesas puderam prender os envolvidos e puni-los pelo crime de traição. Em 1791, com a investigação encerrada, houve a decretação das penas dos acusados.
Entre todos os condenados, apenas um outro Joaquim acabou sendo condenado pelo crime. O inconfidente Joaquim José da Silva Xavier, conhecido como Tiradentes, acabou sendo sentenciado com a morte. Os historiadores explicam que, no grupo, ele era aquele que possuía condição mais humilde. Era militar e dentista, portanto representante de uma vida mais modesta. Depois do século XX, Tiradentes passou a ser tratado como herói nacional. No período de sua condenação à forca, foi esquartejado e acabou sendo símbolo das lutas da independência do Brasil.
É importante que fique claro entretanto que o movimento dos inconfidentes era mais voltado para a exclusão dos impostos e a separação de Minas Gerais do jugo português.