Vários fatores determinaram o aumento de hostilidades entre Inglaterra e França, num primeiro momento, interesses que envolviam os reis e importantes setores da nobreza. No século 12, o rei Henrique II da Inglaterra se casou com Leonor da Aquitânia e, segundo as tradições feudais, tornou-se vassalo do rei da França nos ducados da Guyenna e Gasconha. Desde então as relações entre os reis da Inglaterra e França foram marcadas por conflitos políticos e militares. No entanto, durante esse período não podemos pensar uma guerra entre nações ou países. Mesmo mais tarde, no século 15, durante o famoso episódio que envolveu Joana D’arc, é muito difícil tratar de nação e portanto de nacionalismo. Os conflitos do período muitas vezes tiveram nobres ingleses aliados ao rei da França, em outras ocasiões a situação é inversa.
O próprio Henrique 2º foi vitima de uma conspiração que envolveu seus dois filhos, Ricardo, o coração de leão e João, sem terra, que para destronar o pai se aliaram ao rei da França Filipe Augusto. As disputas envolvendo os dois reinos pelo trono da Inglaterra também servem para demonstrar que a luta pelo poder não tem nacionalidade. A rebelião dos barões ingleses em 1215que deu origem a Magna Carta atesta essa situação mais uma vez. Os ingleses perderam suas possessões em França.
Outro ponto de atrito entre as duas monarquias era a região de Flandres, rido entreposto comercial, situado a nordeste da França, a qual estava subordinado politicamente. Além do intenso comércio estabelecido na região, Flandres era importante centro produtor de tecidos, que consumia grande parte da lã produzida pela Inglaterra. Essa camada urbana vinculada à produção de tecidos e ao comércio posicionava-se a favor dos interesses ingleses e portanto, contra a ingerência política francesa na região.
No entanto, a situação tornou-se verdadeiramente crítica quando o Conde de Nevers, regente de Flandres desde 1322, prestou juramento de obediência ao seu suserano Filipe de Valois, decisão que poderia paralisar a economia flamenga, pois, com a morte do terceiro e último filho de Filipe IV, o Belo (Carlos IV, 1328), o trono da França passou para um de seus sobrinhos, justamente Filipe de Valois, que adotou o nome de Filipe VI (1328 a 1350). Instigado por Jacques Artervelde, rico mercador que já havia liderado uma rebelião na cidade flamenga de Gand, o rei da Inglaterra Eduardo III (1327 a 1377) reclamou para si a coroa francesa, alegando sua condição de neto (pelo lado materno) de Filipe, o Belo.