O que é agricultura familiar?
Por Mariana Sousa
Em um país tão agrário como o nosso, como entender o conceito de agricultura familiar? Ela diz respeito às produções agropecuárias que são realizadas por pequenos produtores que estão no espaço pecuário e agrário. Geralmente mantida por núcleos familiares compostos por no máximo alguns funcionários com salário fixo. A prática da agricultura familiar acaba se referindo, dessa forma, àquelas pequenas propriedades do campo que quase nunca ultrapassam quatro módulos fiscais.
O que é o módulo fiscal? De forma resumida, a unidade de terra com tamanho estabelecido pelos poderes municipais. Na maioria dos casos, o módulo rural pode variar de 5 a 100 hectares.
É importante destacar o papel estratégico dos agricultores familiares no Brasil, pois toda a produção alimentícia que as atividades dessa agricultura realizam acaba não direcionando a produção para o mercado, mas sim para o imediato consumo no próprio núcleo em que vivem as famílias.
Resumo:
Freio nos agrotóxicos
Outro aspecto importante é a quantidade bem mais reduzida de uso de agrotóxicos nestes espaços de agricultura familiar, que está muito mais relacionada ao tipo de produção orgânica. No segmento de agricultura familiar, também se observa que o uso de maquinários é reduzido, o que propicia mais ofertas de emprego ao elemento humano. Aqui no Brasil, somente 20% do espaço agricultável está nas mãos do pequeno produtor familiar. É o que aponta o Censo Agropecuário. Ainda assim, acaba gerando mais de 80% de toda a geração de empregos e renda na zona rural e evitando os constantes êxodos rurais que tanto impactam as regiões do campo.
Os dados dos Censos Agropecuário apontam que em termos de produção, o que se tem são:
– 87% da produção de mandioca
– 70% da produção de feijão
– 59% da criação de suínos
– 58% da produção de leite
– 50% da criação de aves
– 46% da produção de milho
– 38% da produção de café
– 34% da produção de arroz
– 30% da criação de bovinos
– 21% da produção de trigo
Esses percentuais acima listados mostram que há uma proporção maior do que o espaço de terrenos disponível para tal agricultura. Isso indica o quanto é preciso ampliar o processo democrático da questão fundiária no país, para que o pequeno agricultor consiga contribuir ainda mais com a economia brasileira. E, muito além, que sejam dados outros destinos aos inúmeros latifúndios improdutivos.
De forma resumida, temos que ainda com 1/5 (um quinto) da área agrícola do Brasil, os agricultores familiares passam a ser responsáveis por cerca de 1/3 (um terço) de todas as produções. Esses números confirmam que a produtividade nesse público tem condições de ser ampliada para suprir as demandas e gerar mais benefícios ao poder público.