Assíndeto e Polissíndeto
Por Redação
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Duas figuras de linguagem com nomes bem parecidos. Hoje, vamos conhecer um pouco mais sobre o assíndeto e o polissíndeto.
O primeiro, sempre é usado como recurso na linguagem escrita e oral. Ele serve para deixar a mensagem ainda mais expressiva. Haverá ausências reiteradas de conjunções e conectores que atuam como elementos de ligação entre orações e palavras. Um das conjunções mais omissas no assíndeto é a do tipo coordenativa, que poderá ser trocada por uma vírgula ou outros sinal de pontuação.
O assíndeto também permite o desenvolvimento de discursos rápidos e mais fortes, vivos, enérgicos. Tem forte atuação para deixar o texto com maior concisão e dinâmica. A retirada do conectar enfatiza os elementos principais das orações e traz o ouvinte para a melhor compreensão da ideia que está sendo transmitida.
Sem a conjunção, cada termo da frase terá uma individualidade maior, será mais independente em relação aos demais, conquistando mais força. Vamos aos exemplos?
“Vim, vi, venci.” (Júlio César)
“Grita o mar, brama o fogo, silva a fera,/Chora Adão, geme o pranto, brada o rogo.” (Francisco de Vasconcelos)
“A tua raça quer partir,/guerrear, sofrer, vencer, voltar.” (Cecília Meireles)
“Luciana, inquieta, subia à janela da cozinha, sondava os arredores, bradava com desespero, até ouvia duas notas estridentes, localizava o fugitivo, saía de casa como (…)” (Graciliano Ramos)
“Fazia riscos, bordados, mandava vir rendas de Grã-Mogol, cosia com amor, aprendia a arte do bilro.” (Cyro dos Anjos)
O termo assíndeto tem origem no vocábulo grego asýndeton que aponta para falta de ligação, de união entre os diferentes elementos. As orações coordenadas assindéticas também originam-se com o assíndeto. Neles, não há conjunção, mas sim uma pausa na maioria das vezes mediada pela vírgula.
Resumo:
E o polissíndeto?
O polissíndeto faz referência ao uso em excesso das conjunções entre termos e orações. O que mais se observa em repetição são as seguintes conjunções: e, nem, ou.
A mensagem fica mais expressiva, com noção de que foi acrescida, acumulada, que tem continuidade. Assim, há um discurso com mais compasso e lentidão, mas ao mesmo tempo com ênfase e solenidade. Confira os exemplos em alguns trechos literários.
“Vão chegando as burguesinhas pobres/e as crianças das burguesinhas ricas/e as mulheres do povo, e as lavadeiras da redondeza.” (Manuel Bandeira)
“Há dois dias meu telefone não fala, nem ouve, nem toca, nem tuge, nem muge.” (Rubem Braga)
“Canto, e canto o presente, e também o passado e o futuro.” (Fernando Pessoa)
“Falta-lhe o solo aos pés: recua e corre, vacila e grita, luta e ensanguenta, e rola, e tomba, e se espedaça,e morre.” (Olavo Bilac)
“(…) e os desenrolamentos, e os incêndios, e a fome, e a sede; e dez meses de combates, e cem dias de cancioneiro contínuo; e o esmagamento das ruínas…” (Euclides da Cunha)
Originário do termo grego polysýndeton, indica ligações e união de elementos. Responsável pela formação da oração coordenada sindética, aquela ligada por conjunção coordenativa. A depender da conjunção usada, pode ser aditiva, adversativa, alternativa, conclusiva e explicativa.