Um dos temas mais polêmicos dos últimos anos é a discussão sobre a adoção do regime de cotas raciais nas universidades públicas brasileiras. De um lado estão os defensores, que prontamente listam todos os sofrimentos e humilhações (verdadeiros) sofridos pelos negros na História do Brasil, especialmente em virtude da escravidão que durou oficialmente até 1888. Do outro lado estão os críticos desse modelo, que alegam, entre outras coisas, que aqui ele não funcionaria adequadamente como em outros locais e também que seria melhor investir na educação de base.
Enfim, vamos listar aqui alguns argumentos a favor e alguns argumentos contrários ao sistema de cotas, para que você, leitor, possa formular a sua própria opinião sobre esse espinhoso e polemico assunto.
Resumo:
Prós do regime de cotas raciais
No Brasil, as melhores universidades são as públicas. E essas instituições possuem um rígido exame para escolher quem entra e quem não entra em suas fileiras: chama-se vestibular. Pois para se conseguir uma boa classificação e consequentemente passar no vestibular das melhores universidades do país, é fundamental se ter uma melhor educação fundamental. É aí que reside o argumento utilizado por quem é favorável às cotas raciais: as melhores universidades brasileiras são públicas, porém as melhores escolas de ensino fundamental e médio são particulares. Essa distorção faz com que a grande maioria dos alunos das universidades públicas seja composta de brancos ricos, vindos de escolas particulares, já que os alunos da rede pública não tem a menor chance de competir com eles. Com o sistema de cotas, se tentaria corrigir um erro histórico, dando oportunidades para alunos negros que não teriam como competir com os brancos.
Os que defendem as cotas raciais argumentam, também, que a população negra equivale a quase metade da população brasileira, e que essa diversidade não é vista nas universidades públicas de excelência educacional e acadêmica. Portanto, com o sistema de cotas, veríamos mais negros nessas universidades e ocupando cargos importantes em setores fundamentais da nossa sociedade. Eles argumentam que o sistema de cotas raciais funcionou nos Estados Unidos, e que essa seria a prova de que funcionaria aqui também.
Contras do regime de cotas raciais
Como já dito, no Brasil, as melhores universidades são públicas e só os alunos das melhores escolas, que são particulares conseguem abocanhar a maior parte das vagas no vestibular. Portanto, para os que argumentam contra as cotas raciais, o melhor a fazer é investir em uma melhora considerável das escolas de ensino fundamental e médio (educação de base) públicas, dando desse modo, os meios necessários para que os alunos das camadas mais pobres da população (em sua maioria negra) consigam adentrar as universidades públicas pela porta da frente. Para os que argumentam contra as cotas raciais, utilizar esse sistema no Brasil seria apenas tentar corrigir um erro histórico com outro.
Outro argumento é que essa medida é apenas um paliativo, sem consequência prática já que acabaria gerando distorções como retirar a vaga de um aluno branco melhor avaliado para dá-la a outro de pele mais escura apenas por questões raciais. Outro argumento utilizado pela ala contrária às cotas raciais indica que a medida só funcionou nos Estados Unidos porque lá a população negra constitui de fato uma minoria racial (apenas 14% da população americana). No Brasil a realidade é outra, já que a população negra nem de longe é uma minoria (são 47% da população brasileira). Para muitos, apenas essa diferença gritante de realidade já inviabilizaria o exemplo americano no Brasil. Outro argumento contrário muito utilizado indica que futuramente, como os alunos negros menos qualificados estão conseguindo vagas em universidades públicas de qualidade apenas pela sua cor de pele, possivelmente teríamos essa prática estendida às empresas, onde teríamos um sistema de cotas de contratação de negros também.