Folclore: o que representa a mula sem cabeça?
Por Mariana Sousa
O universo infantil é recheado de fábulas, lendas e belas histórias. Cada criança precisa de um pouco de fantasia para sobreviver bem às fases transitórias. Afinal de contas, de que se ocuparão as crianças após o período dos estudos e das brincadeiras? Elas vão se ocupar dos medos imaginários, dos personagens que criam, enfim de uma série de aspectos que são criados pelos adultos. Adultos esses que já foram crianças e sabem das necessidades que os pequenos cérebros demandam.
Quantos de nós adultos já nos pegamos a lembrar das apresentações escolares? De quanto aquele universo de gincanas, noções de História e outras brincadeiras lúdicas mexiam conosco? Atualmente, muitos filmes cumprem bem essa função de levar o universo fantasioso para o espaço infantil. O cinema acaba sendo um mundo que se descortina aos olhos de uma criança.
Resumo:
Mula sem cabeça: como surgiu?
Caminhando na linha da fantasia, que tal entendermos de onde surgiu a mula sem cabeça? Uma lenda que destaca a maldade cometida por algumas mulheres. E, por conta de tais malvadezas, acabaram sendo transformadas em mulas que não possuíam cabeça. No lugar do “cérebro”, elevadas chamas de fogo.
Há relatos de que esse processo lendário foi iniciado pelos moradores da Península Ibérica. De lá dessa região, chegou aos povos que residiam em Portugal e Espanha. Como esses dois países eram adeptos às navegações, a história da mula sem cabeça acabou chegando também aos demais países colonizados. É o caso do Brasil!
Como a lenda é contada no Brasil
Em solo brasileiro, por longa data, a lenda da mula sem cabeça é super preservada e é bem trabalhada na região sudeste e nordeste. É claro que muitas pessoas vão dizer que trata-se apenas de mais uma história inventada pelo homem. Porém, há diversos elementos nessa história que são completamente verdadeiros. Dizem os mais velhos que as mulas sem cabeças representavam mulheres que ficavam nas regiões próximas às igrejas. Ali elas moravam e acabaram se apaixonando pelos padres. Justamente por conta de tal “maldade” acabavam sendo punidas com a retirada da cabeça e chegada do fogo.
Nas imensas e diversificadas florestas brasileiras a lenda também era protagonizada pelas tais mulheres. O “relato” apontava que as transformações no corpo aconteciam no período de quinta e sexta-feira. Sempre às madrugadas, quando as mulas saíam desesperadas a correr pelos campos. Depois de muito sofrimento e “andança”, elas voltavam a ser mulheres. O corpo, entretanto, aparecia cheio de machucados e arranhões.
Na Argentina, o nome da lenda é Mula Anima. Já no México, recebeu a denominação de Malora. Em qualquer um desses casos, o que fica claro é o rastro de destruição deixado pelo animal. Que acaba com tudo o que encontra pela frente, machuca pessoas com ferraduras de aço ou prata e sai pisoteando tudo o que lhe atravessa o caminho. No momento da “corrida desenfreada” também se ouve os altos relinchos: uma mistura de grito de mulher com o relinchar das mulas bravas.