Brilhante físico britânico nascido em Oxford, Oxfordshire, Inglaterra, que se tornou uma celebridade mundial com a divulgação de suas teorias a respeito do tempo e do Universo e infelizmente conhecido por seu aspecto físico decorrente de uma esclerose lateral amiotrófica, doença neuromuscular degenerativa e incurável que produz paralisia progressiva. Estudou física contra a vontade do pai, que queria um filho médico, graduou-se em matemática e física na Universidade College, em Oxford (1962) e doutorou-se em Trinity Hall, em Cambridge (1966). Sugeriu (1971) que, após o big bang, a explosão que teria dado origem ao universo, teriam se formado numerosos objetos com mais de um bilhão de toneladas de massa, mas com o tamanho de um próton.

Por sua massa e gravidade, esses objetos, chamados miniburacos negros, deveriam ser regidos pela teoria da relatividade, mas por seu ínfimo tamanho, obedeceriam obrigatoriamente também às leis da mecânica quântica, teoria escrita com George Ellis em The Large Scale Structure of Space-Time (1973). No ano seguinte, propôs a tese segundo a qual, de acordo com a teoria quântica, os buracos negros não são totalmente escuros e emitiriam partículas subatômicas até esgotarem sua energia e finalmente explodirem. Seu trabalho representou um grande esforço no sentido de esboçar as propriedades dos buracos negros e para demonstrar a relação entre essas propriedades e as leis da termodinâmica clássica e da mecânica quântica.

Casado pela segunda vez e pai de três filhos, com essa demonstração passou a freqüentar o olimpo da ciência (1974), quando identificou uma radiação mais tarde batizada com seu nome. Essa descoberta fortaleceu a teoria dos buracos negros, da qual tornou-se especialista. Segundo essa teoria as estrelas entram em colapso no fim da vida, sugadas pela própria gravidade. A matéria mergulha numa estrutura de densidade infinita, na qual espaço e tempo param de existir – surgindo, então, o buraco negro, áreas do espaço que exercem uma atração gravitacional tão forte sobre os outros corpos que nem a luz consegue escapar. Sua tese revolucionária deu aos cosmologistas a esperança de compreender situações a que as leis da física aparentemente não se aplicam. Se puderem descrever os buracos negros, poderão decifrar como se deu o instante anterior ao Big Bang.

Tornou-se membro da Royal Society (1974), uma das mais antigas e conceituadas instituições acadêmicas do mundo, tornou-se professor de física gravitacional (1977) e de matemática (1979) da Universidade de Cambridge, ocupando a cadeira do mais famoso cientista inglês, Isaac Newton. Escreveu também Superspace and Supergravity (1981) e A Brief History of Time (1988), seu maior sucesso editorial, traduzido para 33 idiomas e vendeu mais de 9 milhões de exemplares. Nele explicou a associação da teoria da relatividade de Einstein às leis da mecânica quântica para elaborar uma hipótese singular sobre a origem e a evolução do universo.

A relevância de seus estudos fez com que ele fosse equiparado ao físico alemão Albert Einstein (1879-1955), provavelmente com um certo exagero e uma boa dose de bairrismo britânico. Afinal, a Teoria da Relatividade do germânico revolucionou a imagem do mundo que se tem hoje. Uma qualidade porém ele tem a mais: jamais se contentou em produzir apenas para os meios acadêmicos e, também, escreve para leigos, abrindo mão do hermetismo sem perder a precisão. Desafortunadamente a esclerose lateral amiotrófica que progressivamente rouba-lhe os movimentos, o mantém imobilizado em uma cadeira de rodas e mudo há 16 anos, quando fez uma traqueotomia, comunicando-se com o mundo através do teclado de um computador.

A N E X O
(PROVISÓRIO)
 

Paradoxo dos buracos negros

Depois de 30 anos, o cientista britânico Stephen Hawking está reconsiderando sua teoria de que os buracos negros são como poços sem fundo que destroem tudo o que atraem com sua imensa força gravitacional. Segundo a revista "New Scientist" desta semana, Hawking vai apresentar na semana que vem, em Dublin, na Irlanda, uma solução para um dos enigmas da física moderna. Hawking propunha que os buracos negros, tão logo se formam, começam a perder massa, irradiando um tipo de energia desprovido de qualquer informação sobre a matéria que no interior dele. Assim, uma vez que o buraco negro se esvai, toda a informação se perde.

A teoria viola leis da física quântica, mas, ao propor isso, em 1976, Hawking sustentou que os imensos campos gravitacionais dos buracos negros poderiam sobrepujar essas regras. Hawking, da Universidade de Cambridge, pediu de última hora para participar da 17ª Conferência sobre Relatividade Geral e Gravidade, em Dublin, na semana que vem. O professor Curt Cutler, que dirige o encontro, confirmou que Hawking vai participar, depois de ter enviado uma nota com o aviso: "Solucionei o problema do paradoxo da informação nos buracos negros e quero falar disso". Cutler não hesitou, apesar de não ter visto dados sobre a pesquisa. – Para ser honesto, confiei na reputação de Hawking. Agora, relata a "New Scientist", Hawking deve uma enciclopédia a um colega do Instituto de Tecnologia da Califórnia, por causa de uma aposta feita em 1997, quando acreditava firmemente que a informação que cai nos buracos negros está perdida para sempre.