Simon Wiesenthal
Por Redação
Arquiteto austríaco nascido em Buczacz, situado na Galizien ou Galícia, província do império austro-húngaro, hoje Polônia, que pelo empenho de toda sua vida em perseguir os criminosos do nazismo, ficou conhecido como Consciência do Holocausto e Caçador de nazistas.Aos sete anos sua família fugiu da sua cidade por causa da presença dos cossacos, e foi morar em Lemberg, hoje Lwow, cidade da Galícia que passou a fazer parte da antiga União Soviética (1945), onde iniciou seus estudos de arquitetura e, depois, em Praga, República Tcheca. Com a chegada das tropas hitlerianas sua vida tornou-se infernal.
Preso (1941) só sairia no fim da guerra (1945) após sobreviver aos campos de concentração e extermínio, entre eles Buchenwald e Mathausen. Foi libertado por tropas americanas em Mauthausen, e passou a viver em Linz, Áustria, na vizinhança da família do famoso criminoso nazista Adolf Eichmann (1906-1962), cuja localização viria ser ser seu mais famoso trabalho. Dois anos depois do final da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) fundou em Linz, ao oeste de Viena, sem apoio de governos, um Centro de Documentação responsável por compilar informações sobre o destino dos judeus e de seus torturadores, embrião dos Centros Wiesenthal espalhados pelo mundo, células da organização não-governamental de defesa dos direitos humanos, e passou a perseguir pelo resto de sua vida os criminosos nazistas, conseguindo colocar à disposição da justiça cerca de onze centenas de criminosos de guerra.
Sua maior descoberta foi localizar na Argentina, com o nome falso de Ricardo Clement, Adolf Eichmann (1906-1962), alto oficial das temidas SS, responsável por organizar o transporte para os campos de extermínio de milhões de judeus de toda a Europa, executor fiel da chamada solução final, de Adolf Hitler, para o povo judeu. Ele, então, entregou ao Mossad, serviços secretos de Israel, a localização de Eichmann, que foi seqüestrado e levado para Israel (1960), onde foi processado, condenado à morte, a única condenação desse gênero naquele país, e executado na forca (1962). Depois da execução de Eichmann em Israel, em 31 de maio, transferiu para Viena o centro, que também se propunha combater o anti-semitismo e todas as formas de preconceitos e revisionismo.
Outros conhecidos criminosos de guerra nazistas que foram processados graças a seu trabalho foram o alemão Karl Silberbauer, responsável pela deportação da menina judia Anne Frank, e o austríaco Frank Stengl, comandante do campo de extermínio de Treblinka. Quando anunciou sua retirada da vida pública e o fim de sua missão (2003), declarou à imprensa que havia encontrado e sobrevivido a todos os assassinos que perseguiu. Na ocasião, ele já considerava praticamente impossível que, por motivos de idade e saúde, os poucos criminosos de guerra nazistas que tinham conseguido escapar da Justiça pudessem chegar a ser processados.
Também deu particular cobertura aos refugiados de países do Leste Europeu, sendo que quase 8.000 pessoas passaram pelos centros construídos por ele. Morreu em sua casa de Viena, Áustria, aos 96 anos de idade, tendo um funeral especial no Cemitério Central de Viena, capital da qual era cidadão honorário. Em suas memórias publicadas sob o título traduzido Justiça, não Vingança (1988), o que seria o lema de sua vida, afirmou que quando as pessoas olhassem para trás na história, deveriam saber que os nazistas não escaparam sem punição pelo assassinato de milhões de seres humanos. Premiado em várias ocasiões, recebeu, por exemplo, o título de doutor honoris causa em Praga (1997).