Sérgio Vieira de Mello
Por Redação
Diplomata brasileiro nascido na cidade do Rio de Janeiro, que, embora não tenha feito carreira no Itamaraty, trabalhou na ONU por quase 35 anos e tornou-se o brasileiro mais bem sucedido dentro da hierarquia da ONU, um grande administrador de conflitos, sempre sendo escalado para missões difíceis, principalmente a reconstrução de países devastados por guerras. Filho do embaixador Vieira de Mello e de Gilda dos Santos, 83 anos, estudou no Liceu Franco-Brasileiro onde obteve o bacharelado (1966).
Seguiu para Paris onde cursou Licence d’enseignement en philosophie, Faculté des Lettres, Université de Paris (1966-1969), Maitrise d’enseignement en philosophie, Faculté des Lettres, Université de Paris (1969-1970) e o Doctorat de Troisième Cycle en Philosophie, Université de Paris I, Panthéon-Sorbonne (1970-1974). Além do português e do francês, falava inglês, espanhol e italiano. Em Paris conheceu sua esposa, com quem teve dois filhos, Laurent e Adrian, que moram em Genebra e Paris, respectivamente. Ainda estudante foi editor-júnior das publicações do Alto Comissariado da ONU para Refugiados, em Genebra, Suíça (1969-1971), o conhecido ACNUR ou UNHCR. Ascendendo na hierarquia do Acnur, foi indicado para coordenar as operações de ajuda humanitária no Paquistão (1971-1972), Sudão (1973-1974), Chipre (1974-1975), Moçambique (1975-1977), Peru (1978-1980) e Líbano (1981-1983). Voltando à Genebra foi Deputy Head (1983-1985), Chefe de Gabinete da Secretaria do Alto Comissariado (1986-1987) e Diretor do Bureau Regional para Asia e Oceania (1988-1990), da UNHCR.
Como Diretor da Divisão de Relações Externas (1990-1993), UNHCR., coordenou as negociações multilaterais no conflito de Ruanda (1990-1991) e o êxodo de albaneses do país após a queda do comunismo (1991). Esteve como enviado especial do Alto Comissariado no Cambodja (991-1992). Foi enviado para a Bósnia-Herzegovina (1993), onde assumiu a chefia de assuntos civis das forças da ONU (1993-1994) que tentavam intervir no conflito iugoslavo. Tornou-se alto-comissário-assistente para Refugiados (1995-1996). Assistant Secretary-General da United Nations Assistant High Commissioner for Refugees (1996-1997), foi levado pelo secretário-geral Kofi Annan para Nova York (1998), onde lhe aguardava o cargo de subsecretário-geral para Assuntos Humanitários. Passou uma breve temporada na província de Kosovo (1999), então Iugoslávia, antes de receber a maior tarefa da sua carreira: o governo interino de Timor Leste, durante seu processo de independência (1999-2002).
Em um país devastado pelos tumultos que se seguiram à retirada indonésia daquela ex-colônia portuguesa, sua atuação foi vital para que aquele povo finalmente se tornasse independente (2002). Conhecido pela competência e inegável simpatia com que atuava em suas missões de alto risco, em setembro do mesmo ano ele foi nomeado para o Alto-Comissariado de Direitos Humanos, uma decisão muito elogiada pelas ONGs do setor. Por esses motivos, ele foi a primeira opção de Annan para assumir a missão no Iraque, depois da polêmica ação militar anglo-americana que derrubou Saddam Hussein. Infelizmente este talentoso brasileiro foi vítima do maior ataque a uma instalação da ONU da história, que o matou em Bagdá, juntamente com mais 19 pessoas, aos 55 anos completos, em 19 de agosto.