Ator brasileiro nascido em Uberlândia, Minas Gerais, que atuou em mais de cem filmes entre chanchadas, musicais e dramas, e que desempenhou um dos papéis mais marcantes de sua carreira como protagonista de Macunaíma (1969) de Joaquim Pedro de Andrade. Contava que decidiu ser ator aos oito anos, após assistir ao filme O garoto (1921), de Charles Chaplin. Quando sua mãe viúva casou novamente, ele fugiu com uma companhia de teatro mambembe que passava por Uberlândia. A diretora do grupo, Abigail Parecis, o adotou de papel passado e o levou para São Paulo (1924). Em São Paulo fugiu de novo e, após várias entradas e saídas no Juizado de Menores, foi adotado, mais uma vez, pela família de Antônio de Queiroz, político influente da época.
Os Queiroz o colocaram no Colégio Sagrado Coração de Jesus de padres salesianos, onde estudou até a terceira série ginasial. A família adotiva sonhava em transformá-lo em advogado, mas ele só queria ser artista. Entrou (1932) para a companhia teatral de Jardel Jércolis, pai do ator Jardel Filho e um dos pioneiros do teatro de revista, e quando atuava no musical Goal (1935), recebeu o nome artístico que o consagraria: Grande Otelo. Estreou no cinema com o filme Noites cariocas (1935), ao lado de Oscarito. Com Oscarito formou a dupla cômica mais famosa e querida do cinema brasileiro, estrelando um total de 13 filmes. Começou a se apresentar no Cassino da Urca e entrou para o teatro de revista. Atuou (1942) na produção inacabada do cineasta estadunidense Orson Welles, It’s All True, fez Moleque Tião (1943) de José Carlos Burle, com um enredo inspirado em sua própria vida, ingressando no ápice de sua carreira.
Nas chanchadas da Atlântida, atuou em filmes de grande sucesso de público como Esse mundo é um pandeiro (1947), Carnaval Atlântida (1950), Carnaval no fogo (1950) e Matar ou correr (1954). Também atuou como compositor, trabalhando em parceria com outros autores e, especialmente com Herivelto Martins em músicas como Praça Onze (1940), Bom dia, avenida (1944) e Fala, Claudionor (1946). Trabalhou também em telenovelas e escreveu um livro de poesia, Bom dia, manhã (1993). Morreu subitamente quando desembarcava no aeroporto Charles de Gaulle, em Paris, rumo a Nantes, onde seria homenageado no festival de cinema local. Tinha 1,50 m de altura, os olhos esbugalhados e os lábios espichados de bebê chorão. Segundo a revista Isto É "nunca haverá um tipo popular e divertido igual a ele. Além de um comediante incomparável, que formou dupla com Oscarito em dezenas de filmes na época áurea das chanchadas e comédias da praça Tiradentes e do Cassino da Urca, no Rio de Janeiro, era também um ator dramático de autenticidade visceral".
Uma tragédia familiar abalou as filmagens de Carnaval no fogo: sua mulher matou o filho do casal de seis anos e suicidou-se, enquanto ele filmava a cena em que fazia o papel de Julieta e Oscarito o de Romeu sem saber de nada. Abalado, afastou-se da fita e só assistiu à cena quase 30 anos depois. Outro fato curioso aconteceu em Fitzcarraldo (1982), do alemão Werner Herzog, filmado na selva, no Peru, quase enlouqueceu o vaidoso ator Klaus Kinski. O brasileiro precisava fazer uma cena em inglês, mas resolveu falar em espanhol, idioma que Kinski desconhecia. Irado, Kinski retirou-se do set. Quando o filme estreou na Alemanha, aquela foi a única cena aplaudida pelo público, contou depois o diretor Herzog.