Sara Sotillo
Por Redação
Dirigente do magistério e feminista panamenha na ilha de San Miguel, Archipiélago de las Perlas, Bahía de Panamá, famosa por sua luta pelos direitos trabalhistas da mulher e mais ainda da mulher negra, sua condição, em uma época em que ser mulher, pobre e negra eram as piores credenciais para um difícil futuro e fracasso profissional e político. Filha de Bathilia Guillén e Braulio Sotillo, veio com a família para a Cidade do Panamá ainda criança. Realizou seus primeiros estudos na Escuela de las Hermanas Cristianas, onde reafirmou seus princípios de fé católica, que a guiaram através de toda sua vida.
Terminou seu sexto grau na Escuela Anexa a la Normal. Embora negra e de origem humilde, por sua inteligência, dedicação, forte personalidade, responsabilidade e liderança, logo deram novo rumo ao seu futuro e facilitou sua educação. Cursou estudos secundários na Escuela Normal de Institutoras, dirigida pelas consagradas educadoras Rosa e Matilde Rubiano, e graduou-se como Maestra en Enseñanza Primaria (1919). Passou a trabalhar para o Magisterio Panameño Unido, em uma escola de Garachiné, província de Darién. Depois mudou-se para a escola de Manuel José Hurtado (1921), onde permaneceu por vinte e nove anos.
Sua capacidade de liderança e organização levou-a a frente de movimentos reivindicativos que mobilizaram os educadores de seu tempo que defendiam princípios e conquistas trabalhistas dos educadores panamenhos, apesar das fortes pressões e resistências governamentais. Junto com a grande feminista Clara González de Beringher, fundaram a primeira Asociación Feminista de Panamá e a denominaram Centro Feminista Renovación (1922). Participou como delegada ao Primer Congreso Feminista do Panamá (1923), onde foi aprovada a fundação do Partido Nacional Feminista e a criação da Escuela de Cultura Femenina, inaugurada no ano seguinte, para mulheres casadas ou solteiras maiores de 16 anos.
O Partido Nacional Feminista apresentou (1924) à Asamblea Nacional um memorial com o qual conseguiu as primeiras leis que melhoraram substancialmente a situação jurídica e o estatuto de inferioridade civil da mulher panamenha. Nos anos seguintes o PNF continuou sendo o canal de luta política das mulheres até que o presidente Juan Demóstenes Arosemena, resolveu acabar como o movimento feminista no país e demitiu todas as educadoras que eram ligadas a essa linha política (1938), inclusive sua irmã Carmen. Essas perseguições e injustiças não desestimularam os educadores, que liderados por ela conseguiram a restituição de seus empregos (1941) e soldos atrasados.
Fundou (1944), junto com outras colegas, o Magisterio Panameño Unido, instituição fundamental para a aprovação da da Ley de escalafón ou Ley 36, de 14 de setembro de (1946) e da Ley Orgánica de educación ou Ley 47, de 24 de setembro (1946). Como presidenta e como assessora do Magisterio Panameño Unido em outras administrações, constituiu-se decisiva para a criação dessas leis e da Cooperativa de Ahorro de Educador, a Barriada de Miraflores para maestros e a casa del Maestro de la Urbanización Obarrio.
Como feminista e como membro do Partido Nacional Feminista, do qual foi segunda vice-presidente, participou da luta pelos direitos civis e políticos da mulher. Solteira, morreu em 16 de dezembro (1961), ainda ativa em assuntos nacionais, especialmente pela problemática educativa. Foi velada na igreja de Cristo Rey e enterrada no cemitério Amador, Ciudad de Panamá. Como homenagem póstuma o governo panamenho a condecorou com a Orden Manuel José Hurtado.