Professora, jornalista, romancista, cronista e teatróloga brasileira nascida em Fortaleza, CE, primeira mulher a ingressar na Academia Brasileira de Letras (1977) eleita para a Cadeira no. 5, na sucessão de Cândido Mota Filho, e uma das mais importantes romancistas do movimento regionalista contemporâneo do Nordeste. Filha de proprietários rurais do Ceará, foi para o Rio de Janeiro (1915), em companhia dos pais que procuravam, nessa migração, fugir dos horrores da terrível seca, que mais tarde a romancista iria aproveitar como tema de O quinze, seu livro de estréia (1930). No Rio, a família Queiroz pouco se demorou, viajando logo a seguir para Belém do Pará, onde residiu por dois anos.
Regressando a Fortaleza, matriculou-se no Colégio da Imaculada Conceição, onde fez o curso normal, diplomando-se aos 15 anos (1925). Estreou no jornalismo (1927), com o pseudônimo de Rita de Queluz, publicando trabalhos no jornal O Ceará, de que se tornou afinal redatora efetiva.
Ali publicou seus primeiros poemas à maneira modernista e iniciou sua carreira literária com o romance O quinze, tratando sobre o drama dos flagelados da seca, na extrema pobreza e sem ter quem os oriente sobre o cultivo da terra, romance que lhe trouxe a consagração com o Prêmio da Fundação Graça Aranha (1931). Seguiram-se vários outros sucessos até fixar residência no Rio de Janeiro, RJ (1939), passando também a se dedicar ao teatro e à crítica literária em revistas e jornais como no Diário de Notícias, em O Cruzeiro e em O Jornal.
Membro do Conselho Federal de Cultura, desde a sua fundação até sua extinção (1967-1989), participou da 21a Sessão da Assembléia Geral da ONU (1966), onde serviu como delegada do Brasil, trabalhando especialmente na Comissão dos Direitos do Homem. |
Iniciou colaboração semanal no jornal O Estado de S. Paulo e no Diário de Pernambuco (1988). Outras importantes obras da autora foram os romances João Miguel (1932), Caminho de pedras (1937), As três Marias (1939), Prêmio da Sociedade Felipe d’Oliveira, O galo de ouro (1950) e Memorial de Maria Moura (1992), as peças Lampião (1953), Prêmio Saci, de O Estado de São Paulo (1954), e A beata Maria do Egito (1958), Prêmio de teatro do Instituto Nacional do Livro e Prêmio Roberto Gomes, da Secretaria de Educação do Rio de Janeiro (1959), os volumes de crônicas A donzela e a moura torta (1948), Cem crônicas escolhidas (1958), O caçador de Tatu (1967) e Mapinguari (1964-1976) e os livros infantis O menino mágico (1969), Prêmio Jabuti de Literatura Infantil, da Câmara Brasileira do Livro (São Paulo), Cafute Pena-de-Prata (1986) e Andira (1992). Ainda foi laureada com os seguintes prêmios e honrarias: Prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras, pelo conjunto de obra (1957), Prêmio Nacional de Literatura de Brasília para conjunto de obra (1980); título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal do Ceará (1981), Medalha Marechal Mascarenhas de Morais, em solenidade realizada no Clube Militar (1983), Medalha Rio Branco, do Itamarati (1985), Medalha do Mérito Militar no grau de Grande Comendador (1986) e Medalha da Inconfidência do Governo de Minas Gerais (1989).
Seu último grande sucesso literário foi Memorial de Maria Moura (1992) que se tornou minissérie de televisão. Sofrendo de diabetes, morreu enquanto dormia em sua casa no bairro do Leblon, na zona sul do Rio de Janeiro, 13 dias antes de completar 93 anos (17/11), vítima de um infarto do miocárdio. A escritora cearense já havia sofrido um derrame (1999), tinha dificuldades de locomoção e era acompanhada por uma enfermeira, e o corpo dela foi velado no prédio da Academia Brasileira de Letras, no Rio, e enterrado no mausoléu de sua família no Cemitério São João Batista, em Botafogo, ao lado de seu segundo marido, Oyama de Macedo, com quem viveu 42 anos.