Francisco de Morais Alves
Por Redação
Cantor, compositor e violonista brasileiro nascido no bairro carioca da Saúde, RJ, um dos mais famosos cantores brasileiros de todos os tempos, com uma carreira de 35 anos ininterruptos de atividade, cognominado o Rei da Voz. Filho do comerciante imigrante português José Alves e de Isabel Morais Alves, teve quatro irmãos, Ângela, José, que tinha uma bonita voz, mas faleceu aos 18 anos, vítima da gripe espanhola, Lina, que trabalhava como atriz de revista e radioatriz e na vida artística adotou o pseudônimo de Nair Alves, e Carolina. Passou uma infância tranqüila nas ruas de seu bairro e aos nove anos de idade a família mudou-se para a rua Evaristo da Veiga onde passou a freqüentar o colégio. Por essa época, costumava assistir aos ensaios das bandas de música de Batalhões da Polícia Militar situados na vizinhança, e também já demonstrava o gosto pelo canto, e começou a aprender violão com a irmã Nair/Lina. |
Empregou-se na fábrica de chapéus Mangueira (1916) onde permaneceu por aproximadamente um ano. Com a morte do pai (1919), e o casamento das irmãs, passou então a viver em companhia de sua mãe e fez seu primeiro teste com o maestro Antônio Lago, pai do ator Mário Lago. Gravou seu primeiro disco e fez sucesso no carnaval (1920) e no mesmo ano casou-se com Perpétua Guerra Tutoya Ceci, e uma semana depois já estavam separados. No mesmo ano conheceu Célia Zenatti, dançarina e atriz, com quem viveu durante 28 anos, até o fim de sua vida. Começou a gravar na Odeon e tornou-se a maior estrela da gravadora, firmando-se como recordista em gravações e vendagem de discos. Foi o primeiro artista brasileiro a gravar pelo sistema elétrico, inaugurado pela Odeon (1927).
Transferiu-se pouco depois para a Parlophon, momento em que adotou o pseudônimo de Chico Viola e estreou no rádio, atuando na Rádio Sociedade do Rio de Janeiro (1928). Cantou em várias rádios além da Sociedade, tais como Mayrink Veiga, Cajuti e Nacional. Passou a formar dupla (1930) com o cantor Mário Reis, alcançando grande sucesso, gravando juntos um total de 12 discos na Odeon. Excursionou a Buenos Aires (1932) com Mário Reis, Carmen Miranda, Luperce Miranda e Tute. No ano seguinte, assinou contrato com a Rádio Mayrink Veiga e destacou-se com a gravação de Fita amarela, de Noel Rosa, sua última gravação em dupla com Mário Reis, que fez grande sucesso no carnaval (1933). Deixou a Odeon (1934) passando para a RCAVictor. Fez sua primeira aparição no cinema em Alô, alô, Brasil (1934) e depois participou de Alô, alô, carnaval (1936).
Foi responsável pela primeira gravação de Aquarela do Brasil (1939), de Ary Barroso, com arranjo antológico de Radames Gnatalli e participou do filme Laranja da China (1940). Transferiu-se para a gravadora Columbia onde gravou um total de 14 discos. Reapareceu no cinema em Berlim na batucada e Caídos do céu (1944) e Apaixonou-se por Iraci, sua companheira dos últimos quatro anos de vida. Morreu carbonizado, no alto do sucesso, vitimado por um acidente na Estrada Rio-São Paulo, na rodovia Dutra, quando voltava de uma viagem à capital paulista, tendo ao lado o amigo Haroldo Alves, em um Buick por ele mesmo dirigido foi atingido por um caminhão que vinha na contramão e o cantor morreu instantaneamente, próximo à cidade de Pindamonhangaba (SP), entre Pindamonhangaba e Taubaté, SP, no dia 27de setembro (1952), aos 54 anos. Seu enterro, no cemitério de São João Batista, Rio, foi acompanhado por meio milhão de pessoas, quando pela primeira vez um carro do Corpo de bombeiros transportaria um morto.
Três anos após seu falecimento, foi lançado o filme Chico Viola não morreu, com Cyl Farney no papel do cantor. O mais famoso de nossos cantores populares, O Rei da Voz, como também ficou conhecido alcunhado (1933) por César Ladeira, fez 983 gravações. Foi o cantor que mais gravou no Brasil e também foi um bom compositor. Criou mais de 130 músicas. Foi um dos mais carismáticos cantores de todos os tempos e emocionava todos que o viam cantar, até mesmo seus músicos. Entre seus sucessos foram destaques musicais O pé de anjo (1919), Malandrinha (1926), A voz do violão (1928), Se você jurar (1930), O que será de mim (1931), Formosa (1932),Caboca (1933), Dei-te meu coração (1934), Sem ela (1935), Longe dos olhos (1936), Serra da Boa Esperança (1937), Brasil (1939), Dama das camélias (1939), Onde o céu azul é mais azul (1940), Canta, Brasil (1941), Eu sonhei que tu estavas tão linda (1941), Céu cor-de-rosa (1943), Canção do expedicionário (1944), Caminhemos (1947), Adeus (1947), Cadeira vazia (1949), Confeti (1951) e Canção da criança (1952).