Flávio Magno Aurélio
Por Redação
Teólogo patrística de transição para a Escolástica (430-800), historiador e estadista romano nascido em Scyllacium, hoje Squillace, na Calábria, sul da Itália, que com Boécio foram chamados os últimos romanos, em virtude da contribuição de ambos para resgatar a cultura clássica. Proveniente da aristocracia colocou-se a serviço de Teodorico, ocupou altos cargos no reino ostrogodo, estabelecido na península logo após a desintegração do Império Romano do Ocidente, chegando a prefeito pretoriano. Correspondeu-se com grandes personagens da época e essas cartas constituem valiosa fonte de informação sobre seu tempo. Também compilou uma importante Historia gothorum, de que restam fragmentos.
Discípulo e amigo de Boécio, teve mais sorte que este, pois quando o reino ostrogodo chegou ao fim (540), após as vitórias do general bizantino Belisário, retirou-se para o mosteiro de Vivarium por ele mesmo fundado, vivendo ali até a morte, dedicando-se à literatura e ocupando os monges na compilação e cópia de manuscritos antigos, tanto cristãos como pagãos. Foi um dos grandes nomes do pensamento escolástico e seus livros serviram de texto nas escolas eclesiásticas do início da Idade Média.
De seu trabalho destacou-se Institutiones divinarum et saecularium litterarum , que, além de tratar de problemas de teologia, incluía no livro II, De artibus ac disciplinis liberalium litterarum, um compêndio das sete artes liberais que se tornou um verdadeiro manual nos mosteiros. Esta obra, ao lado de um manual de ortografia latina e do tratado De anima, inspirado em santo Agostinho, exerceu profunda influência sobre a educação da Idade Média. A literatura latina floresceu com ele e Boécio, que serviram de ponte entre a cultura clássica e os primórdios da Idade Média.