Dom Paulo Evaristo Arns
Por Rodrigo Duarte
Dom Paulo Evaristo Arns geralmente é considerado como uma das maiores figuras da igreja católica no Brasil no século 20, conseguindo também se destacar no cenário internacional por um trabalho humanitário e político. Ele se destacou especialmente na resistência contra violações de direitos humanos e também na ajuda aos presos políticos. Além disso, também acabou se tornando uma figura perseguida durante a Ditadura Militar brasileira.
Nasceu na cidade de Forquilhinha, em Santa Catarina, no dia 14 de setembro de 1921. Filho de descendentes de imigrantes alemães, acabou iniciando seus estudos quando ainda estava na sua cidade natal. Entrou na ordem franciscana do Seminário São Luiz de Tolosa, em Rio Negro no Paraná no ano de 1939, sendo ordenado como padre em 1945, na cidade de Petrópolis, no Rio de Janeiro.
Teve uma carreira ativa dentro da igreja, sendo indicado como bispo auxiliar de Dom Ângelo Rossi, em São Paulo. Já no ano de 1970 acabou sendo nomeado como Arcebispo Metropolitano de São Paulo. Em 1973, foi promovido a cardeal pelo Papa Paulo VI. Essa distinção acabou se dando especialmente pela luta do religioso, que denunciava constantemente os abusos do regime militar brasileiro.
Se tornou conhecido também por fazer um trabalho de peregrinação entre os quarteis brasileiros, utilizando a sua influência para atuar na libertação de dezenas de presos políticos. Por essa luta contra a ditadura, ficou conhecido como o “Cardeal da Esperança”. Ao lado do pastor presbiteriano Jaime Wright, coordenou o projeto Brasil Nunca Mais, que reuniu documentos e denunciava a prática de crimes cometidos contra os presos políticos. Os dados foram copiados, microfilmados e enviados para o Conselho Mundial de Igrejas, em Genebra.
Também teve uma carreira notável no meio acadêmico e na produção de conteúdo. Lecionou no Instituto Teológico Franciscano de Petrópolis e na Universidade Católica de Petrópolis. Cursou Filosofia Cristã e Línguas Clássicas na Universidade de Sorbonne, em Paris, onde se doutorou em 1952. Após retornar ao Brasil, lecionou na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da cidade de Agudos e também em Bauru. Em seguida, voltou para Petrópolis, e como vigário, atuou junto à população carente.
Ao longo da sua vida, Dom Paulo Evaristo Arns escreveu 56 livros e recebeu 24 títulos Honoris Causa em universidades do mundo todo. Era o mais antigo de todos os membros do Colégio Cardinalício. Como cardeal eleitor, participou de dois conclaves, os de agosto e outubro de 1978, que escolheram os papas João Paulo II, a quem recepcionou em São Paulo em 1980.
Terminou sua carreira religiosa com um pedido de aposentadoria, aceito no dia 15 de abril de 1998, sendo nomeado como Arcebispo Emérito de São Paulo. Faleceu no dia 14 de dezembro de 2016, tendo o seu corpo sepultado na Catedral da Sé, em São Paulo.