Damião de Góis
Por Redação
Escritor português nascido em Alenquer, considerado o último dos grandes cronistas do reino português. Filho dos fidalgos Rui Dias de Góis e Isabel Gomes de Limi, ficou órfão do pai aos nove anos de idade, e Góis tornou-se pajem do Paço de D. Manuel o Venturoso. Na corte teve o primeiro contato com a cultura da época: a música polifônica, o teatro Vicentino, os poetas do Cancioneiro de Garcia de Resende. Também conheceu os humanistas Cataldo Parísio Siculo e Duarte Pacheco Pereira.
Após a morte (1521) de D. Manuel e a subida ao trono de D. João III, foi nomeado escrivão da Casa da Índia, entreposto comercial português em Antuérpia (1523). Ficou no cargo por 10 anos, época é marcada pela grande afirmação das idéias de Erasmo na Europa, e morou fora de Portugal por 25 anos (1523-1548), tempo em que conviveu com alguns dos maiores pensadores de seu tempo como Martinho Lutero, Erasmo de Rotterdam e Pietro Bembo. Neste período fez também inúmeras viagens de negócios à Inglaterra, França, Alemanha, Holanda, Polônia, Hungria, Boêmia, Dinamarca e Lituânia, a serviço da feitoria da Flandres (1528-1531) o que lhe permitiu contatos e informações importantes no exercício da diplomacia e ampliou a sua dimensão intelectual.
De volta a Portugal, foi nomeado guarda-mor da Torre do Tombo, arquivo nacional português. Foi encarregado (1558) de escrever a Crônica do felicíssimo rei D. Manuel, encomenda que terminou no mesmo ano (1567) em que concluiu também a Crônica do príncipe D. João. Sofreu acusações por parte do Santo Ofício e foi preso (1571), foi injustamente abandonado pela família e condenado à prisão perpétua (1572). Libertado, presumivelmente, após dois anos no cárcere, morreu numa estalagem em Alenquer, provavelmente assassinado, pois, quando do translado de seus restos mortais (1901), descobriu-se uma fratura no crânio.