Carlos Ribeiro Justiniano da Chagas
Por Redação
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Cientista brasileiro (Oliveira 9/7/1878 – Rio de Janeiro 8/11/1934)
Filho de fazendeiros, nasce em Oliveira, Minas Gerais. Começa a estudar em São João del Rei, concluindo o colegial em Ouro Preto. Doutorou-se pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro (1903). Ainda acadêmico,ingressou no Instituto Bacteriológico Osvaldo Cruz (1903), de que viria a ser diretor (1917 -1934).
Desde cedo revelou dotes de pesquisador e sanitarista. À frente da campanha profilática, erradicou a malária na cidade de Santos (1905). Graças à sua teoria domiciliar da transmissão da malária, formulada por ocasião dessa campanha, projetou seu nome nos meios científicos do país. Seus trabalhos foram mais tardes universalmente aceitos.
Foi chefe da comissão de estudos sobre a profilaxia da malária em Minas Gerais (1907). Em 1909 concluiu as pesquisas destinadas a debelar a tripanossomíase, posteriormente conhecida como doença de Chagas. Identificou o agente causador dessa doença, ao qual deu o nome de Trypanosoma cruzi, em homenagem a Osvaldo Cruz. Seu trabalho abrange todos os aspectos da doença: anatomia patológica, epidemiologia, etiologia, formas clínicas, meios de transmissão, patogenia, profilaxia e sintomatologia.
Um ano depois de sua descoberta, recebeu o reconhecimento dos meios científicos internacionais. Criou-se para ele uma vaga especial na Academia Nacional de Medicina (1910).
Os dois anos seguintes, passou-os Carlos Chagas em viagem pelo vale amazônico, levantando carta epidemiológica da região. Em 1912 um júri internacional conferiu-lhe o prêmio Schaudinn, concedido ao melhor estudo sobre protozoologia e microbiologia.
Outro trabalho seu foi a chefia da campanha contra a epidemia de gripe “espanhola” no Rio de Janeiro (1918). Diretor de Saúde Pública (1919), aperfeiçoou e modernizou os serviços sanitários da então capital da república. Professor de medicina tropical da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro (1925). Ainda em 1925 a universidade de Hamburgo conferiu-lhe o prêmio Kummel (medalha de ouro). Recebeu os títulos de magister honoris causa das Universidades de Paris e Harvard. Pertenceu às academias de medicina de New York (1926), Paris (1930) e Lima (1922).
De sua extensa obra publicada, destacam-se: Estudos hematológicos do impaludismo (1902), Hematologia do impaludismo (1903), Profilaxia antipalúdica (1907), Nova espécie de Taeniorynchus (1908), Nova espécie mórbida do homem produzida por um tripanossoma (1909), Classificação e descrição de diversas espécies de anofelinos e culicídios, Descrição de uma nova moléstia humana transmitida pelo “barbeiro” (Triatoma megistus) (1912), Patogenia da tripanossomíase americana (em colaboração com Eurico Vilela) (1929), Aspectos evolutivos do Trypanosoma cruzi no transmissor (1929).