Filósofo místico árabe nascido em Tus, nos arredores da cidade iraniana de Meshed ou Khorasan, autor de uma das primeiras obras traduzidas do árabe para o latim, Maqasid al-falasifah (Os objetivos dos filósofos), que teve grande influência na Europa do século XII. Seu pai morreu quando era ainda muito novo mas teve a oportunidade de começar a sua educação na sua cidade natal e depois estudou em Jorjan e Nishapur, onde foi discípulo de al-Juwayni, imã das cidades santas de Meca e Medina.
Adquiriu um padrão elevado de sabedoria na religião e na filosofia e logo recebeu um cargo de honra que foi sua nomeação como um professor na universidade de Nizamiyah, em Bagdá (1091), uma das instituições com a maior reputação do ensino na era dourada do conhecimento muçulmano, a convite do vizir dos sultanatos seldjúcidas. Vivendo um delírio espiritual, abandonou a carreira acadêmica e transformou-se um ascético, doou seus bens à família, deixou Bagdá (1095) e partiu em peregrinação a Meca.
Passou por esse processo de transformação mística e voltou a Tus (1096), onde passou a levar uma vida virtualmente monástica, cercada de discípulos, conforme mostrada na obra autobiográfica al-Munqidh min ad-dalal (1106). Ainda neste mesmo ano, movido por motivos religiosos, recomeçou sua carreira acadêmica em Nishapur (1106-1110), onde desenvolveu intensa atividade intelectual, em grande parte nas áreas da jurisprudência e da teologia, embora tenha evoluído em seu misticismo, que o conduziu aos mais altos graus do sufismo, o misticismo islâmico.
Com a saúde em decadência, voltou então a Tus (1110), onde permaneceu até a morte, ocorrida no ano seguinte. Sua vida foi solitária e devotada a contemplação e a escrita, que fizeram dele um grande escritor de livros sobre religião, filosofia e sufismo. A sua principal obra foi um conjunto de quarenta livros nos quais expôs a doutrina e a prática do Islã e estabelecia as bases de uma vida de devoção. Sua influência foi profunda e tornou-se perpetua como um dos maiores teólogos do Islã, com o relato de sua própria evolução espiritual, que o conduziu à experiência mística. Suas doutrinas teológica penetraram a Europa, influenciado os judeus e cristão e diversos de seus argumentos parecem ter sido adotados por São Thomas de Aquino a fim restabelecer similarmente a autoridade da religião cristã ortodoxa no Ocidente.