A poesia barroca em Portugal
Por Redação
3. A poesia barroca em Portugal
No período Barroco português os gêneros literários mais almejados foram:
• A poesia lírica, a oratória sacra;
• A prosa didática e moralizante;
• A historiografia;
• A epistolografia;
• O teatro de costumes;
• A oratória sacra.
Podemos dizer que toda produção literária que foi produzida em prosa, é bem mais significativa do que a poesia da mesma época, porém existe uma exceção que é a de Francisco Rodrigues Lobo e Sóro violante do Céu (expressões individualizadas da poesia lírica barroca).
A poesia das Academias Literárias
As academias Literárias que proliferaram tanto em Portugal como no Brasil no século XVII e começo do século XVIII, reuniam os filhos letrados que faziam parte da burguesia que tinha como objetivo se aproximar da aristocracia de sangue. As academias que ficaram mais tempo foram: a dos Singulares (1628-1665) e a dos Generosos (1647-1717), onde ambas em Lisboa, eram ligadas às casas aristocratas e ao ambiente eclesiástico.
Existem muitos poetas anônimos, como: Frei Jerônimo Baía, Antônio Barbosa Bacelar, André Nunes da Silva, Francisco de Vasconcelos e Sóror Violante do Céu.
Esses poetas eram os que mais representavam na poesia academicista da Fênix Renascida e de Pastilhão de Apolo.
Podemos citar como exemplo de poesia acadêmica, o soneto abaixo, que é considerado um jogo de oposições, vejamos:
A uma Ausência
Sinto-me, sem sentir todo abrasado
No rigoroso fogo que me alenta;
O mal que me consome me sustenta,
O bem que entretém me dá cuidado.
Ando sem me mover, falo calado,
O que mais perto vejo se me ausenta,
E o que estou sem ver mais me atormenta;
Alegro-me de ver atormentado.
Choro no mesmo ponto em que me rio,
No mor risco me anima a confiança,
Do que menos se espera estou certo.
Mas, se de confiado desconfio,
É porque, entre os receios da mudança,
Ando perdido em mim como em deserto.
Francisco Rodrigues Lobo – (1580-1622)
Dedicou-se a vários tipos de poesias, como a Lírica, com redondinhos, (Cancioneiro Geral), sonetos e epístolas de influência clássica. Escreveu várias novelas pastoris como: A Primavera, O Pastor Peregrino e o Desenganado. É considerado um continuador de Camões, Sá de Miranda e Bernardim Ribeiro, ou seja, como se estivesse dando continuidade ao trabalho deles.
Soneto – Rodrigues Lobo
Fermoso Tejo meu, quão diferente
Te vejo e vi, me vês agora e viste:
Turvo te vejo a ti, tu a mim triste,
Claro te vi eu já, tu a mim contente.
A ti foi-te trocando a grossa enchente
A quem teu largo campo não resiste;
A mim trocou-me a vista em que consiste
O meu viver contente ou descontente!
Já que somos no mal participantes,
Sejamo-lo no bem. Oh, quem me dera
Que fôramos em tudo semelhantes!
Mas lá virá a fresca Primavera:
Tu tornarás a ser quem eras dantes,
Eu não sei se serei quem dantes era.
Sóror Violante do Céu (1602-1693)
Era uma mulher com uma sensibilidade especial, que caminhou ao lado de uma das maiores vozes da Literatura feminina de seu tempo Sóror Mariana Alcoforado. Com 28 anos entrou para um convento dominicano de M.S da Rosa produziu a poesia profana, passional e ardente que tinha imagens sutis, que de momento era de difícil compreensão, mas de grande força dramática e lírica.
Soneto
Amor, se uma mudança imaginada
É com tanto rigor minha homicida,
Que fará, se passar de ser temida,
A ser, como temida, averiguada?
Se só por ser de mim tão receada,
Com dura execução me tira a vida,
Que fará, se chegar a ser sabida?
Que fará, se passar de suspeitada?
Porém, já que me mata, sendo incerta,
Somente o imaginá-la e presumi-la,
Claro está, pois da vida o fio corta.
Que me fará depois, quando for certa,
Ou tornar a viver para senti-la,
Ou senti-la também depois de morta.