Há amor, alegria e beleza na vida pastoril, mas nunca a inquietação da vida nas cidades. Na poesia pastoril, o personagem sai da cidade e se encontra no campo e também gosta de reviver o passado. O ambiente é quase ingênuo, pois não se admite corrupção e cenários sem paz. É uma utopia contraditoriamente vivida no passado.
Em termos imagéticos, há o pastor descansando debaixo das árvores com sua musa inspiradora e em tantos outros momentos do seu dia. Ele usa instrumentos musicais para declamar a boa ou má sorte com sua amada. Chora quando perde um amigo e tudo parece bastante fantasiado.
Na Idade Média, o bucolismo foi bastante aplaudido na poesia. O cristão acabava sendo bem servido do cenário campesino, pois Cristo era visto como o bom pastor e a humanidade representava o seu rebanho. Também na Idade Média, Boécio, Dante e Chaucer foram alguns dos representantes dessa escola literária. Era uma boa alegoria para o jardim do Éden.
Com a chegada do Renascimento, a poesia bucólica passou por adaptações mais satíricas e alegóricas. É o momento do pastor clássico ser comparado ao perfil do homem inglês.
Resumo:
Refúgio ao homem renascentista
Com os ideais neoclássicos ganhando espaço e já anunciando o romantismo, o viver bucólico perde espaço. É como se já houvesse um gasto natural dessas convenções. A figura do pastor não foi necessariamente extinta, mas reaparece com outras roupagens dentro do herói romântico das novas escolas.
A literatura moderna aponta que o termo pastoril teve expansões. No clássico Some Versions of Pastoral (1935), William Empson vai defender que as criações pastoris são aquelas que contrastam vida complexa e ideal mais simples de compreender o mundo. Nesse caso, não apenas o pastor está enquadrado, mas até mesmo uma criança que satirize as gafes e deslizes da alta sociedade. Há críticos que classificam o bucólico e pastoril como toda obra que represente as fugas do cotidiano. Há, por fim, aqueles que associam tal escola aos espaços mais rústicos.