AS TÉCNICAS DE TRABALHO

A exploração dos seringais obedece a certas e determinadas técnicas que, evidentemente, foram sendo alteradas à medida que a experiência ia indicando a necessidade de novos processos na extração do látex e seu primeiro tratamento pelo seringueiro.

Nos primeiros tempos, quando a exploração se processava no Baixo Amazonas, na região das ilhas, nas cercanias de Belém, os seringueiros atiravam-se às árvores sem consciência da destruição impiedosa e criminosa a que se entregavam. Estava em uso, então, o sistema de arrocho: a árvore era ferida de alto a baixo e amarrada fortemente com cipós. Purgava-se todo o látex que encerrava momentaneamente, mas perdia a vitalidade, morria rapidamente. Outras vezes, a árvore era abatida para a extração violenta. Havia, portanto, todo um processo drástico, que não podia permitir rendimento permanente à espécie valiosa.

O uso da machadinha foi perdendo terreno. José Cláudio de Mesquita, que fundara em Manaus o Clube de Seringueira e criara um pequeno seringal-piloto, seringal Miri, para a educação dos seringueiros, lançou a idéia de uma faca especial. Modelou-a pela que se empregava nos seringais de plantação do Oriente. Chamou-lhe “faca amazônica”. Em conseqüência, a sangria das seringueiras passou a ser efetuada mais racionalmente, preservando-se a árvore, sem lhe perturbar a produtividade.

A MÃO-DE-OBRA

Visava promover a vinda de imigrantes, tanto brasileiros quanto estrangeiros, para a colonização agrícola inicialmente. Em virtude do fracasso, parte dos imigrantes foi direcionada para o seringal.

A mão-de-obra induzida estava baseada em promessas nunca cumpridas, aliciavam-se trabalhadores do Nordeste para ocupar-se com extração do látex.

Havia, também a imigração espontânea. Os próprios trabalhadores encaminhavam-se para o seringal, bem como para outras funções em setores do serviço e do comércio na região. Foi mais eficaz para resolver o problema do povoamento e a obtenção de mão-de-obra.

No confronto entre a população “civilizada” e os povos indígenas, estes sucumbiam às epidemias e aos vícios trazidos pelos imigrantes, ficando sem saúde e sem terra.

Calcula-se que cerca de 300 mil imigrantes teriam provindo do Nordeste entre 1870 e 1920, em diferentes momentos. A princípio, ter-se-iam dirigido para a região os imigrantes vindos do Ceará, do Maranhão, do Rio Grande do Norte e, em seguida, de outros estados.

O seringalista contava com uma estrutura de pessoal para controlar as atividades no seringal. Pela ordem, após o seringalista, temos: o gerente, o guarda-livro, o caixeiro, o homem do campo, o comboieiro, o mateiro e o toqueiro.

Regatão – Percorrendo os rios da Amazônia, em pequenos barcos ou mesmo em canoas, havia a figura do regatão, que se ocupava do comércio. Desde o século XVIII, esse comerciante dos rios atuava na Região. Com o advento do sistema do sistema de aviamento, fortalecendo a ligação entre seringalistas e casas aviadoras, o regatão passou a funcionar clandestinamente, comercializando à noite, visando escapar da vigilância dos proprietários dos seringais.